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Introdução: As condições de saúde bucal inadequadas constituem uma infeliz realidade em muitos idosos. Fatores comportamentais e psicossociais, condições socioeconômicas e aspectos culturais podem exercer alguma influência nos hábitos e atitudes em saúde bucal, repercutindo negativamente nas condições dos tecidos dentários e periodontais. Objetivo: baseado nessa informação, este estudo objetivou avaliar a associação do status de ansiedade e depressão com as condições de saúde bucal de uma população de idosos. Métodos: estudo descritivo realizado com uma população de 162 idosos não institucionalizados. Mediante aplicação de questionários foram obtidos dados sociodemográficos, avaliação das condições de saúde oral mediante inspeção visual e palpação digital, além de obtenção de dados mediante os índices CPO-D, IPV e ISG. O status de ansiedade e depressão foi avaliado mediante a Escala de ansiedade de Zung e Escala de autoavaliação de depressão de Zung. Os dados foram submetidos a análise estatística descritiva e com o teste qui-quadrado de Pearson (ou teste exato de Fisher quando apropriado) a um nível de significância de p < 0,05. Resultados: a maioria dos idosos era mulheres (67,3%) entre 60 e 80 anos de idade, com baixo nível de escolaridade (79,2%), baixa renda pessoal e familiar (54,4% e 50,9%, respectivamente), insatisfeitos com o aspecto estético dos dentes (56,7%) e padeciam alguma doença sistêmica (79,4%). Predominou o IPV alto (69,8%), ISG baixo (65,1%), inflamação gengival leve (54,1%), e CPO-D alto (82,1%). Houve predomínio de idosos sem ansiedade (74,7%), porém seriamente debilitados pela depressão ou esgotamento (63,0%). Observou-se associação significativa entre depressão e baixa renda pessoal/família (p=0,019 e p=0,002) e com nível de satisfação com a estética dentária (p=0,040). Sinais de ansiedade foram significativamente associados ao nível de escolaridade (p=0,020). Conclusão: a condição de saúde bucal dos idosos não foi associada a ansiedade ou depressão, embora que descritivamente os dados destacam a importância da interpretação de fatores clínicos odontológicos sobre a presença e/ou severidade de condições psicológicas em idosos. Identificar sintomas de ansiedade e/ou depressão pode subsidiar o planejamento, implantação e/ou intensificação de ações educativas e intervencionistas que incluam todas a pessoas relacionadas à saúde de idosos na consolidação de protocolos clínicos e diagnósticos que possam minimizar o possível ciclo: transtornos psicológicos, saúde bucal precária, e vice-versa, com impacto positivo sobre a qualidade de vida de pessoas na terceira idade. |
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