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O acesso à educação no Brasil ainda é notadamente desigual, o que revela, entre outros aspectos, consequências de séculos de desigualdades sociais que acabaram enraizadas na base de uma sociedade que fez da educação de qualidade, ao invés de um direito de todos, um privilégio para poucos. Esse cenário é ainda mais cruel para a parcela mais pobre e marginalizada da população que sem acesso à educação
ou com acesso precário, acaba sujeita a situações de vulnerabilidade social que se caracterizam, em muitos casos, pelo estreitamento dos laços entre a pobreza e a criminalidade. Neste contexto, é pertinente destacar a importância da Educação de Jovens e Adultos (EJA) enquanto uma modalidade de ensino que busca possibilitar o acesso à educação para sujeitos que não puderam concluir a educação básica em
idade regular. No sistema prisional brasileiro a importância da EJA, a modalidade que é ofertada, vai além e passa a se inserir no rol de estratégias voltado para a ressocialização dos detentos, uma vez que a formação escolar precedente dos presos é geralmente limitada a graus mais baixos, fato que dificulta o reingresso no mercado de trabalho após o cumprimento da pena. Diante desse quadro e da intenção de
compreendê-lo melhor a partir de uma realidade concreta, neste trabalho buscamos analisar a prática docente e o ensino de Geografia na EJA no sistema prisional. Para isso, tomamos por base as experiências docente vivenciadas na Cadeia Pública do município de São João do Cariri-PB, onde desde março de 2021 leciona-se o Componente de Geografia na modalidade destacada. No caminho metodológico da
pesquisa contamos com uma abordagem qualitativa em que fizemos uso de pesquisa bibliográfica e pesquisa-ação. De acordo com os resultados alcançados, podemos afirmar que a prática docente na EJA no sistema prisional é um exercício que, ao contrário do que muitas vezes é julgado pela sociedade, lega ao professor inúmeras experiências positivas pautadas na reflexão acerca dos desafios e das possibilidades
postas para a construção do conhecimento. O ensino de Geografia, neste cenário, torna-se um importante instrumento de formação social para a população privada de liberdade. Há problemas estruturais na educação prisional, como a falta de espaços adequados para a efetivação do processo de ensino-aprendizagem e estes problemas precisam de soluções também estruturais. Ainda assim, é possível, no âmbito da prática docente, adotar estratégias que possam tornar o ensino mais significativo para os sujeitos envolvidos na aprendizagem. |
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