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O presente trabalho analisa a constituição dos bailes soul black no subúrbio e bairros de
regiões da Zona Norte no Estado do Rio de Janeiro, nos finais da década de 1960 e início dos
anos de 1970, onde houve a profusão do soul music, gênero afro-americano, em clubes sociais
e recreativos do estado. Buscamos identificar os signos subjetivos encontrados no soul,
impressos (in)conscientemente nos bailes, os que remetem a cultura afro-americana, como o
cabelo black power e a indumentária jovem; elementos políticos que provocam a construção
da identidade negra na juventude brasileira. Os bailes soul propiciaram o aglutinado de jovens
negros num mesmo espaço, fizeram disputar a atenção de um público comum, antes
identificado com o samba e suas práticas, fato que trata a suposta convergência entre ambos
seguimentos, da qual veremos, ter a mídia, prestar-se fazer críticas a “usurpação” da
identidade negra carioca, onde havia a eminência do “Movimento Black Rio”, contraposto a
ditadura e ao mito da democracia racial no país. Esta pesquisa consistiu na consulta
bibliográfica, análises de dissertações de mestrado e doutorado em Música, História e Ciências
Sociais; análises em jornais de época, periódicos situados após a divulgação da matéria de
Lena Frias, “Movimento Black Rio: o orgulho (importado) de ser negro no Brasil”, 1976.
Também constitui referências a esta pesquisa plataformas digitais como a Hemeroteca Digital;
a memória CPDOC/JB; o Jornal O Globo; entre outros, o Dicionário Cravo Albin, da Música
Popular Brasileira; ademais, relatos orais de entrevistas concedidas a outros. Os/as autores/as
que recorremos para fundamentar essa discussão foram: Frias (1976); Peixoto & Sabadelhe,
(2016); Xavier (2015); estes em especial, abordam de forma direta o movimento aqui em
destaque; Freitas (2017); Moraes (2014); entre outros, discutem a relação do soul e o samba
no Rio de Janeiro. Tendo em vista ser o Movimento Black Rio ainda pouco explorado, este
trabalho busca despertar o interesse pela leitura e novas pesquisas sobre o tema. O soul se
constitui como um elemento identitário, os bailes black espaços comuns de entretenimento e
divulgação da cultura afro. Diferentemente do embate ideológico travado nos Estados Unidos;
no Brasil, a política afro-americana estava nas roupas, no cabelo, nas gírias e no manifesto de
afirmação. Embora tenha reverberado em diversas partes do país, o movimento tornou-se
arquivo da memória social; no Rio de Janeiro, em especial, constitui Patrimônio Cultural
Imaterial, pela Lei n° 4392/2018, em 07 de novembro, objetivo de valorizar a história e cultura
negra carioca. |
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