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O presente artigo busca entender como o enfrentamento da pandemia de Covid-19, pelo Itamaraty, foi influenciado pela ideologia de ultradireita do chanceler Ernesto Araújo, considerando que sua gestão à frente do Ministério das Relações Exteriores marcou uma quebra dos padrões tradicionais da política externa brasileira. Para tanto, por meio da metodologia de estudo de caso, analisaram-se os discursos e as posturas do ex-Ministro em busca de compreender as motivações intelectuais e ideológicas por trás das ações e decisões do Itamaraty ao longo de sua gestão. Desse modo, a partir do enquadramento, tanto do governo Bolsonaro, quanto de Araújo, no espectro político, na ultradireita, vislumbra-se o negacionismo com relação à Covid-19 como parte integrante da retórica radical do ex-Chanceler, denunciando as medidas “totalitaristas” de combate à pandemia, que estariam vinculadas ao “marxismo cultural”, e criticando o “comunavírus” enquanto criação da China. Com isso, conclui-se que os rumos tomados pela sua gestão foram efetivamente prejudiciais na adoção de políticas públicas de enfrentamento ao vírus em âmbito nacional, uma vez que influenciou a menor aquisição de doses de vacina na Covax Facility da OMS, no relaxamento das medidas sanitárias, na descredibilização nos órgãos internacionais fundamentais no combate à pandemia e, por fim, causou graves prejuízos à imagem internacional do Brasil. |
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