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Este artigo analisa aspectos da construção histórica e ficcional de Heloísa de Argenteuil (1090-1164),
a partir do filme Em nome de Deus (Stealing Heaven), lançado no ano de 1988, dirigido por Clive
Donner. Através da narrativa da famosa história de amor de Abelardo e Heloísa, o filme em questão
confere a esta um protagonismo, destacando a representatividade da mesma em Paris no século XII.
Nesta narrativa, identificamos três aspectos ou faces de Heloísa, que a nosso ver também representam
aspectos importantes das vivências e ideias traçados para as mulheres no medievo: a sua
intelectualidade, o amor, os embates da sua vida religiosa, os quais procuramos explorar em diálogo
com a historiografia. Compreendemos que tais aspectos são constituídos pelos valores culturais da
época, em especial pelas suas bases patriarcais, e pelas sensibilidades da contemporaneidade para as
quais o filme se dirige, onde as desigualdades entre homens e mulheres persistem. Para tanto,
procuramos pensar a relação história e cinema, bem como explorar uma escrita da história das
mulheres na Idade Média, tendo como aporte uma produção historiográfica especializada sobre o
contexto medieval e as mulheres, a exemplo de Georges Duby (2011), Jacques Le Goff (2006), José
Rivair Macedo (2002), Michelle Perrot (2007), Gerda Lerner (2019), entre outros/as. Neste exercício
de leitura, consideramos aproximações importantes entre a narrativa historiográfica e a fílmica, para as
quais Heloísa se constitui como transgressora, como uma mulher que, dentro dos limites impostos por
seu contexto, provocou e resistiu ao patriarcado. |
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