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As casas de farinha são por vezes atribuídas a espaços econômicos, que possibilitam a transformação da mandioca em farinha, porém, os locais da farinhada são também ambientes produtores de saberes culturais e de significados que lhes são próprios. E assim entre sabores e saberes, este trabalho tem por objetivo identificar aspectos do cotidiano, das sociabilidades, dos afetos, presentes nas histórias do saber-fazer a farinhada e nas memórias de pessoas que vivenciaram o trabalho e as partilhas proporcionadas em casas de farinha na Paraíba, especialmente em Alagoa Grande, Mari e Gurinhém entre o período das décadas de 1960 à 1980. Analiso como os processos das feituras da farinha são ligados ao convívio, ao compartilhamento e as construções dos seus próprios significados, além da compreensão da importância que estes espaços possuíam para as pessoas envolvidas nas farinhadas. Para tanto, amparo-me nas concepções da história cultural, para pensar o fazer cotidiano, o que é da ordem dos afetos e das sociabilidades, atravessando assim o campo da relação história e memória, especialmente ligada a uma cultura alimentar que é tão presente na região Nordeste. Aproximo-me também um olhar antropológico, pois além da base na pesquisa bibliográfica sobre o tema, realizei visita de campo a casa de farinha Talmata, que preserva sua estrutura original, seus utensílios, realizando o registro da cultura material e de memórias relacionadas às casas de farinha. Este percurso me fez concluir que as casas de farinha são locais forjados entre a labuta e os encontros afetivos, onde fazeres e festas se misturam, compondo parte de inúmeras vidas, sendo por vezes extensões de seus lares, ou até mesmo uma outra moradia. |
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