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Neste trabalho, buscou-se compreender o elo entre Geografia e Literatura (ciência e arte). Por meio dos escritos literários percebe-se a intrínseca relação da literatura com temas geográficos, a exemplo da política, religião, organização espacial, segregação racial e social etc. Dentre os principais gêneros literários, a distopia desponta como um dispositivo que pode ser analisado sob a ótica da ciência geográfica, pois aborda temas como território, totalitarismo e relações de poder. O livro 1984 foi escrito por George Orwell em meados do século XX. A obra apresenta um mundo dividido em três grandes potências, com regimes de governo totalitários. Os eventos narrados se passam em Oceânia, Estado dominado pelo Socing. A estória gira em torno de Winston Smith, funcionário do Ministério da Verdade, relatando sua insatisfação silenciosa e os acontecimentos subsequentes ao seu ato de rebeldia. A interface entre a ciência geográfica e a literatura perdura desde o século XIX e é uma resposta ao movimento de renovação da Geografia, que vem buscando novos parâmetros de análise (BROSSEAU, 2013; MORAES, 1991). A literatura de ficção carrega o subjetivismo do autor, que é incorporado à obra. Assim, nota-se que os livros possuem forte relação com o espaço real, tornando-se, em muitos casos, um documento histórico-geográfico. A metodologia utilizada neste trabalho foi a fenomenologia, que buscou analisar as vivências do homem na ficção e na realidade, bem como estudar as essências da percepção (LIMA, 2014; MERLEAU-PONTY, 1999). Para tanto, foram realizadas leituras e releituras da obra, bem como a catalogação do referencial teórico pertinente ao tema. A pesquisa foi totalmente de caráter documental. A distopia orwelliana foi elaborada em um contexto de guerras, surgimento de regimes totalitários de governo e reordenamento territorial. Estes eventos contribuíram para o autor fazer uma projeção do que poderia ocorrer no futuro. Em sua obra, Orwell faz um alerta sobre os perigos do totalitarismo. No mundo distópico orwelliano, a implantação da Novafala e as teletelas são os principais mecanismos de dominação do regime, visando controlar a língua e as ações da sociedade oceânica. Na obra, observou-se temas de cunho geográfico, como territorialização (HAESBAERT, 2007), relações de poder (FOUCAULT, 2012) e totalitarismo (ARENDT, 1989). Concluiu-se, portanto, que a Geografia e a Literatura possuem uma íntima relação, podendo ser utilizadas em análises temáticas diversas. Por meio da literatura podemos relacionar o imaginário com o real. Espera-se que este trabalho contribua para a propagação desse campo de pesquisa. |
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