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O meio aquático vem sofrendo grandes impactos antrópicos. Devido ao descarte incorreto, mais de 50% dos resíduos encontrados nos oceanos são plásticos que chegam através de efluentes domésticos, agrícolas e industriais. Esses resíduos se fragmentam em microplásticos (MPs), partículas entre 0,1 μm e 5,0 mm, que se acumulam nos ecossistemas e ficam acessíveis à biota nos ambientes onde ocorrem. Pela primeira vez no estuário do Rio Paraíba, Paraíba, Brasil, foi avaliada a contaminação por MPs na água de superfície. Foram realizadas amostragens mensais de água com rede de fitoplâncton, entre março/2019 e fevereiro/2020, num transecto entre a Ilha da Restinga e o Porto de Cabedelo. Com cinco pseudoréplicas mensais, foram analisadas 60 amostras de água neste período. Os MPs obtidos foram triados e classificados quanto seu tipo e cor. Houve predomínio do tipo fibra (51%), e da cor azul (74%). A partir das análises, obteve se 443 MPs em aproximadamente 1105 m3 de água filtrada e uma abundância média de 0,43 ± 0,28 MP/m3, variando entre 0,0673 (Setembro) e 0,9608 (Janeiro). Tais resultados revelam uma grande incidência de poluição por MPs à jusante deste sistema. Fatores abióticos testados, tais como transparência da água, velocidade e direção dos ventos, altura da maré, volume de água filtrada, período seco ou chuvoso não afetaram significativamente a quantidade de MPs registrada, portanto, não houve padrão espacial, nem temporal associado à quantidade de MPs na superfície da água neste estudo. De maneira ampla, o local é impactado pelo carreamento de detritos proveniente de diversas ações antrópicas ao longo da bacia do Paraíba, em especial no estuário, cujo entorno abriga uma população de mais de 1 milhão de habitantes. Desta forma, a predominância de fibras azuis, associada a lançamentos domésticos, implica na necessidade de saneamento básico. Por sua vez, fragmentos (48%) resultam da degradação, lenta e natural, de resíduos plásticos maiores, novamente inferindo a falta de destinação correta ao descarte do lixo na região metropolitana de João Pessoa, Paraíba. Diante dos resultados aqui apresentados, está claro que medidas mitigadoras devem ser implementadas no sentido de reduzir descartes de resíduos sólidos neste estuário e que estudos futuros ampliem a área investigada no intuito de efetivar medidas de controle da qualidade da água neste importante estuário paraibano. |
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