Resumo:
A Incontinência Urinária (IU) é caracterizada pela perda involuntária de urina e representa um grave problema social e de saúde. No tratamento dessa condição, a fisioterapia é considerada padrão ouro e utiliza técnicas como a estimulação elétrica funcional (FES) perineal, que tem a finalidade de melhorar a contração, coordenação, relaxamento e propriocepção dos músculos do assoalho pélvico (MAP). O objetivo deste estudo foi avaliar os benefícios do FES perineal em pacientes com IU. Tratou-se de uma pesquisa retrospectiva, documental, com abordagem quantitativa, composta por 14 prontuários de pacientes com diagnóstico de IU, atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba (CEF/UEPB), cujo tratamento fisioterapêutico incluiu FES perineal. Foram utilizada ficha de identificação e checagem, para análise da elegibilidade, e ficha de coleta de dados, que incluiu informações relevantes para a pesquisa. A análise estatística foi realizada através do software estatístico R – 4.3.0. Foram aplicadas estatística descritiva (tabelas de frequência, médias e desvio padrão) e testes não paramétricos, como de Wilcoxon para as variáveis quantitativas e o teste Exato de Fisher para as qualitativas. Dos prontuários analisados, 78,6% eram homens e 21,4% mulheres, sendo que 64,3% tinham IUM, 21,4% IUE e 14,3% IUU, com média de idade de 62±16 anos. Com relação aos parâmetros analisados antes e após o tratamento, no que diz respeito às condições dos MAP, observou-se um aumento estatisticamente significativo na média de força 2,7±1,5 vs 3,6±1,0 (p<0,001), endurance 2,2±2,0 vs 4,7±4,0 (p=0,04), repetições rápidas 3,0±3,7 vs 7,9±2,9 (p=0,04) e sustentadas 1,5±1,7 vs 4,4±2,7 (p=0,04). Também foi observada evolução na coordenação dos MAP (21,4% vs 85,7%), todavia, não houve diferença significativa deste parâmetro nos dois momentos (p=0,2), o mesmo aconteceu quanto ao uso dos músculos acessórios. Além disso, foi observada melhora nos seguintes sintomas urinários: gotejamento pós-miccional (42,8% vs 28,5%), enurese (71,4% vs 28.5%), esforço para urinar (14,2% vs 25,1%), perda antes de iniciar a urina (64,2% vs 57,1%), perda após urinar (50% vs 35,7%), perda durante o exercício (71,4% vs 50%), urgência (71,4% vs 50%) e urgencontinência (57,1% vs 35,7%), tendo diferença significativa apenas para urgência (p=0,02), noctúria (p=0,01), urgeincontinencia (p=0,02), enurese (p=0,02), perda ao espirrar (p=0,03), perda ao tossir (p=0,04), perda ao fazer exercício (p=0,05). Quanto à gravidade da IU, foi verificada uma diferença significativa (p<0,001), e na reavaliação, houve uma redução da gravidade em 57,1% dos pacientes. Por fim, apenas a idade e a prática de atividade física demonstraram correlação com o aumento de resistência e da força dos MAP, respectivamente. Posto isto, o tratamento com FES perineal trouxe benefícios para os pacientes com IU. Contudo, faz-se necessário o desenvolvimento de novos estudos para elevar o nível de evidência dessa técnica de tratamento.