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Aumentando consideravelmente desde a década de 1950, o tráfego náutico se tornou um problema que tem afetado a fauna marinha, gerando impactos negativos para várias espécies como, por exemplo, os cavalos-marinhos. Na Área de Proteção Ambiental de Guadalupe (APAG), Pernambuco, onde o tráfego náutico é intenso, existem indícios de que as populações de cavalos-marinhos estão entrando em declínio em determinadas áreas. Considerando isso, o presente estudo avaliou a percepção de turistas acerca do uso de embarcações na APAG, através de entrevistas utilizando questionários estruturados. Norteados pelo questionamento em relação ao conhecimento dos turistas sobre os impactos causados pelas atividades náuticas, reunimos informações sobre o perfil socioeconômico (e.g., sexo, idade, escolaridade, origem, renda), percepção positiva ou negativa quanto aos impactos dos passeios náuticos sobre os habitats e a biodiversidade local (incluindo os cavalos-marinhos), além do posicionamento em relação ao zoneamento do tráfego náutico a ser implementado na área. Foram entrevistados 60 turistas, cuja maioria (43,3%) possuía ensino superior completo, estava na praia acompanhada de suas famílias (33,3%) e afirmou saber que estavam em uma Unidade de Conservação (UC) (96,4%). Os passeios de barco foram feitos principalmente em catamarãs (87,8%) e grande parte dos turistas (55%) afirmou que a grande quantidade de embarcações poderia ser um problema para a conservação da área. Adicionalmente, a maioria dos entrevistados consideraram a poluição por óleo (36,3%) como principal problema relativo ao tráfego às embarcações na área, além de perturbações à biodiversidade (33,3%); os turistas também mencionaram a poluição sonora como problema associado aos barcos. Todos os entrevistados, apesar de não terem conhecimento da existência do Zoneamento Ambiental e Territorial de Atividades Náuticas (ZATAN) proposto para a área, apoiaram a medida por unanimidade. Além disso, após serem informados de que a população de cavalos-marinhos na área se encontra em declínio, os turistas demonstraram apoiar (87,7%) a existência de um zoneamento com restrições ainda maiores para a proteção da espécie. Por meio desse estudo, demonstrou-se que os turistas têm uma percepção geral sobre os impactos que o tráfego náutico causa ao ambiente. Além disso, trouxe valiosas informações sobre o posicionamento e apoio desses atores sobre implementações de zoneamentos náuticos (e.g., ZATAN) e ações conservacionistas, evidenciando, ainda, a oportunidade de se utilizar uma espécie-bandeira (e.g., cavalo-marinho) para promover a conservação marinha. |
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