Resumo:
A OMC é considerada um meio de aprofundamento da liberalização comercial global e a Rodada Doha um passo a mais nessa direção. Os membros diferem em estratégia e posicionamento nas diferentes temáticas. Alguns têm pretensões em liberalizar o comércio agrícola e outros têm preferência no aprofundamento do comércio de bens industrializados, avanços em serviços e em propriedade intelectual, enquanto que outros têm posição defensiva em ambas as temáticas. Além da diferença de interesses há a distinção de capacidade em que para conseguir defender seus interesses dentro da instituição os países precisam de pessoal especializado nas temáticas, corpo diplomático suficiente para acompanhar todas as negociações que muitas vezes ocorrem simultaneamente. Assim, vê-se o colosso que separa os países em desenvolvimento dos já desenvolvidos, pois para esses é reservada a vantagem de ter uma economia avançada e pessoal qualificado enquanto que para aqueles resta atuar com suas limitações. As coalizões são uma forma de equilibrar o poder de barganha, pois proporciona redução de custo e troca de experiências além do posicionamento comum ter mais força. O G-20 foi arquitetado em 2003 na conferência ministerial de Cancun, possui uma agenda propositiva de liberalização agrícola e tem como coordenadores o Brasil e Índia. O objetivo adotado é entender o que influenciou a formação do G-20, como ele atuou e atua e como ele afetou a Rodada Doha. Além disso, procurar-se-á entender até que ponto essa coalizão serviu aos interesses brasileiros. Para tanto, optou-se pela feitura de revisão de literatura afim, de artigos de cenário, artigos científicos de periódicos nacionais e internacionais. Mayur Patel, Rolf Kuntz e Robert Wolfe são autores de grande relevância nas inferências sobre a atuação do G-20, suas características e suas conseqüências. As negociações serão concebidas como um jogo de dois níveis, conceito elaborado por Robert Putnam, a política externa referida será entendida como política externa distributiva, nos parâmetros de Maria Regina S. de Lima, e o meio psicológico, tal como foi cunhado por Valerie Hudson, será fator de grande influência na atuação das delegações. A coalizão é considerada um veículo que ajuda o Brasil a defender seus interesses dentro da Rodada e incrementa o poder de barganha do país nas conversações.
Descrição:
OLIVEIRA NETO, Júlio Mariano. G-20 e a atuação brasileira: cooperação para aumento do poder de barganha. 2010. 42f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Relações Internacionais)- Universidade Estadual da Paraíba, João Pessoa, 2010.