A mulher negra de Geni Guimarães: leitura de A cor da ternura

Abstract

A reflexão sobre as questões raciais e de gênero vem cada vez mais ocupando espaço na sociedade, evidenciando as transformações históricas que atualmente vivenciamos. Tais transformações repercutem, inclusive, na literatura que se produz no país, sendo possível o reconhecimento, nos últimos anos, de uma produção que vem tematizando e discutindo a condição de marginalidade e discriminação que ainda enfrenta o negro na sociedade. Nessa perspectiva identificamos a obra de Geni Guimarães, mas especificamente o livro A cor da ternura (1997)¹. Nesse livro, de caráter biográfico, a autora retrata a vida da personagem Geni, uma menina negra e pobre que sonha em finalizar os estudos e ser professora, objetivando, assim, transformar o rumo de sua vida e de sua família. A experiência de Geni nos comoveu e despertou o interesse em analisar a narrativa neste Trabalho de Conclusão de Curso, que objetiva analisar a obra procurando perceber de que maneira o preconceito racial e de gênero se configura nos dias atuais através da narrativa dessa autora que não produziu uma obra vasta, mas apresenta muita qualidade artística nesse livro. Do ponto de vista metodológico, trata-se de um estudo de caráter bibliográfico que parte de estudos que discutem a representação do negro na literatura, apoiando-se, assim, em trabalhos como Proença Filho (2004), Duarte (2013) e Cuti (2010), bem como em estudos que versam sobre a literatura infanto juvenil, a exemplo de Coelho (1991), Cunha (2003), Lajolo e Zilberman (1999), dentre outros. A análise aponta, a partir da experiência de sua protagonista, que o preconceito de cor ainda é uma realidade em nossa sociedade e que precisamos ampliar o debate em torno do preconceito racial sobretudo no ambiente escolar, abrangendo, dessa forma, o horizonte de expectativas dos estudantes em formação, repercutindo, assim, a produção de autoras negras brasileiras.