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Este trabalho pretende analisar como a literatura de uma época, se entrelaça a outros domínios discursivos, como a ciência, tecendo um imaginário social sobre os corpos cearenses, ao dar sentidos e significados para a materialidade de suas carnes. Com isso, nos servimos do romance A Fome: scenas da secca do Ceará (1890), composto pelo farmacêutico e escritor radicado no Ceará, Rodolfo Teófilo , visando investigar essa fabricação entre os anos de 1877, início da chamada grande seca , e 1890, ano de publicação do livro. Desse modo, distinguimos as noções de carne e corpo, sendo a primeira entendida como a materialidade biológica que dá sustentação ao corpo, que, por sua vez, é a implantação dos elementos sociais e culturais na materialidade carnal. Além disso, tomamos a literatura como uma forma de discurso, no sentido dado por Foucault (2018), ou seja, uma instituidora de sentidos e, portanto, de práticas, não se limitando à mera reprodutora da realidade, mas partícipe de sua urdidura, articulando-se a outros domínios do social nessa feitura. Para tanto, utilizamos como recurso metodológico a Análise genealógica do discurso com o objetivo de captar não apenas as dimensões racionais dos discursos, mas os sentimentos e emoções presentes, percebendo seus efeitos na sociedade. |
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