Resumo:
Na nossa sociedade as relações entre homens e mulheres são marcadas pela desigualdade e pela
submissão das mulheres aos homens. Essa desigualdade de poder se manifesta em diversas
áreas da vida social, como no mercado de trabalho, na política, na família e na cultura. As
mulheres, são vítimas de diversas formas de violência: preconceito de classe e de gênero,
pobreza, descaso do Estado. Nesse ambiente socialmente desfavorável, às mulheres se
acrescenta a violência promovida pela estrutura patriarcal, que apequena e inferioriza a mulher
como forma de manter o poder de superioridade masculina. A discussão dessa temática se torna
cada vez mais urgente e necessária, o que motivou a elaboração desse estudo, que tem como
objetivo analisar as relações de poder e a violência contra a mulher na obra “Olhos D’água”
(2014), de Conceição Evaristo, que nos apresenta as mulheres em sua antologia de contos, de
forma diversa e multifacetada. Com ênfase nas múltiplas manifestações da violência contra a
mulher presente nas narrativas “Ana Davenga”, “Duzu-Querença” e “Maria”, para serem
analisados com maior atenção, destacando as relações de poder que determinadas instituições
exercem sobre as protagonistas e a violência intrínseca que permeia as suas existências.
Metodologicamente recorremos ao embasamento teórico de Perrot (2019), Telles e Melo
(2003), Priore (2022), Saffioti (2015), Zolin (2009), Candido (2019), Rezende (2008) dentre
outros. A escrita de Conceição Evaristo é uma grande galeria de personagens que se confundem
com a realidade de contextos sociais vulneráveis. Ao se deparar com personagens complexos e
multifacetados, o leitor pode questionar suas próprias visões preconcebidas. O contato com essa
literatura pode provocar no receptor uma ampla gama de impactos e reflexões, ampliando a sua
consciência sobre a realidade dos grupos marginalizados e despertando uma sensibilidade para
questões de justiça social e equidade. Suas histórias e personagens oferecem um convite para
uma reflexão profunda sobre as desigualdades e injustiças presentes na sociedade,
possibilitando uma maior empatia e compreensão da diversidade humana.