Resumo:
Uma moradia adequada transcende a simples provisão de abrigo, exercendo influência significativa no bem-estar, saúde, produtividade e qualidade de vida dos indivíduos. Em habitações de interesse social, em que a população é vulnerável, o desafio de proporcionar esse nível de bem-estar torna-se ainda mais crítico, exigindo soluções inovadoras que considerem, entre outras coisas, as condições de conforto térmico. Nessa perspectiva, esta pesquisa objetivou avaliar os níveis de conforto térmico em habitações de interesse social na cidade de Campina Grande na Paraíba, identificando os fatores que afetam o bem-estar térmico dos
moradores. Para isso, foi aplicada uma metodologia constituída de pesquisas de campo, onde foram aplicados questionários para a coleta da percepções dos moradores em relação ao conforto térmico e medições das variáveis ambientais. Adicionalmente, a pesquisa empregou a análise dos índices Predicted Mean Vote (PMV) e Predicted Percentage of Dissatisfied (PPD) através da ferramenta CBE Comfort Tool, para avaliar a satisfação dos moradores com as condições térmicas atuais. A avaliação das grandezas térmicas demonstrou que, apesar das temperaturas internas serem consistentemente mais baixas do que as externas, elas ainda excediam os limites de conforto térmico estabelecidos pela Carta Bioclimática de Givoni, que sugere uma faixa ideal entre 18°C e 29°C. Especificamente, o IBUTG interno foi consistentemente superior ao externo, evidenciando um desconforto térmico significativo dentro das residências. Esse resultado é corroborado pelo elevado índice de insatisfação dos moradores, com 92% dos entrevistados reportando desconforto térmico. Os índices PMV e PPD reforçaram essa percepção, registrando valores de 2,65 e 96%, respectivamente, os quais categorizam a sensação térmica interna como “quente” segundo a escala de Fanger (1973). Este desconforto térmico predominante é fortemente influenciado pela radiação, um fator crítico que amplifica as temperaturas internas além dos limites confortáveis. A radiação, como principal
vetor de calor nas habitações, destaca a insuficiência das práticas construtivas atuais em mitigar seus efeitos, ressaltando a necessidade imperativa de revisar e aplicar estratégias bioclimáticas eficazes. Esses achados apontam uma necessidade urgente de aprimorar as práticas construtivas e as políticas habitacionais para integrar efetivamente o conforto térmico às construções em habitações de interesse social, visando não apenas a eficiência energética, mas também uma melhoria substancial na qualidade de vida dos moradores.
Descrição:
LIMA, Cézar Victor Alves de. Avaliação dos níveis de conforto térmico em habitações de interesse social na cidade de Campina Grande – PB. 2024. 83 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental) - Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2024.