História, animais e sensibilidades em canções de Luiz Gonzaga (1940-1970)

Abstract

Conhecido como o Rei do Baião, Luiz Gonzaga legou um repertório musical que se tornou conhecido por representar as dificuldades e anseios de migrantes nordesti-nos, de cantar suas emoções, sua saudade da terra natal, suas alegrias e lamentos. Neste artigo, procuro explorar estas marcas, através das representações culturais dos animais presentes em algumas letras compostas por Gonzaga e seus parceiros musicais, entre as décadas de 1940 e 1970. Quais significados são construídos so-bre os bichos, especialmente as aves e o jumento no recorte da obra de Gonzaga; que sensibilidades permeiam a expressão das composições em seu contexto de produção, são perguntas que traçaram o desenvolvimento da pesquisa, procurando problematizar aspectos da historicidade da relação humano/natureza, bem como da construção de representações culturais sobre a sensibilidade sertaneja. Para tanto, apoio-me nos conceitos e discussões de autores(as) como Maria Esther Maciel (2023) ao trabalhar a animalidade envolvente na espécie humana; Roger Chartier (1991) para os conceitos de representação e apropriação dos bens simbólicos; Mar-cos Napolitano (2002) para perspectiva do uso da música como objeto histórico, em especial a MPB.