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Mudanças no uso e cobertura da terra no Cariri Paraibano intensificam-se desde o
período colonial. A exploração intensiva dos recursos naturais, principalmente para
atividades agropecuárias, acelera a degradação ambiental nesta região, considerada
uma área semiárida com os menores registros de precipitação do Brasil. O objetivo
desta pesquisa é investigar as mudanças no uso e cobertura da terra (UCT), bem
como nas condições climáticas, do Cariri Paraibano e analisar seus efeitos sobre a
temperatura da superfície. Para alcançar esse objetivo, utilizaram-se dados de reflectância e emitância da superfície da série Landsat (1984-2023), obtidos do ClimateEngine.org, além de dados climáticos do TerraClimate e dados de UCT do MapBiomas
e SIDRA. Aplicou-se o teste de Mann-Kendall para identificar tendências temporais no
UCT, na quantidade de biomassa verde, na umidade, temperatura da superfície, temperatura do ar e precipitação. Também foram calculadas correlações lineares e regressões para medir a força e a direção da relação e a influência que as mudanças
na vegetação, umidade e uso da terra exercem sobre a temperatura da superfície.
Observou-se um aumento significativo da área de pastagem, substituindo principalmente a área de vegetação natural savânica e o mosaico de usos. Lavouras temporárias e permanentes também diminuíram significativamente. Também foi percebido
que essa substituição ocorreu para o estabelecimento de rebanhos de caprinos e ovinos, após verificação do aumento significativo na criação desses animais e a sua forte
correlação negativa com a formação savânica. Em resultado dessas mudanças, observou-se o aumento expressivo da temperatura da superfície. A variação deste mostrou-se significativamente correlacionada com as mudanças no UCT, principalmente
com o aumento da pastagem e diminuição do mosaico de usos, e com o aumento da
caprinocultura. As regressões lineares revelaram que a área de pastagem explica
aproximadamente 50% da variabilidade da temperatura da superfície, enquanto o
crescimento do rebanho de caprinos explica 28%. Em conclusão esses resultados
reforçam que o desmatamento e o uso intensivo das terras na região são fatores críticos para o aquecimento da superfície e para a vulnerabilidade ambiental do Cariri
paraibano, exacerbando os riscos de desertificação e perda de biodiversidade local. |
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