Panorama da saúde bucal dos idosos brasileiros: estudo comparativo dos ciclos do SB Brasil 2003, 2010 e 2023

Abstract

O envelhecimento da população brasileira tem impulsionado mudanças nas demandas por serviços de saúde, especialmente na atenção à saúde bucal dos idosos. Este estudo descritivo comparativo analisa dados epidemiológicos da população brasileira entre 65 e 74 anos, com base nas Pesquisas Nacionais de Saúde Bucal – SB Brasil 2003, 2010 e 2023. Foram utilizados dados secundários dos relatórios oficiais do Ministério da Saúde, considerando os seguintes indicadores: índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPO-D), necessidade de prótese dentária, dor de dente nos últimos seis meses, tempo desde a última consulta odontológica, local do atendimento e autopercepção da saúde bucal. Para assegurar a comparabilidade entre os ciclos, alguns dados foram submetidos à padronização e reorganização categorial. Dentre os resultados, destaca-se a redução gradual do índice CPO-D, de 27,79 em 2003 para 23,55 em 2023, atribuída principalmente à diminuição dos dentes perdidos, mas ainda o principal componente do índice. A necessidade de prótese dentária reduziu de 92,7% em 2010 para 75,2% em 2023. A proporção de idosos com dor de dente apresentou redução de 22,44% em 2010 para 11,09% em 2023. O setor privado permaneceu como o principal local de atendimento odontológico, ainda que o serviço público tenha recuperado parte de sua participação em 2023. A autopercepção positiva da saúde bucal manteve-se estável ao longo dos ciclos, enquanto a negativa apresentou queda expressiva em 2023 após pico observado em 2010. A análise temporal revela desafios persistentes e reforça a necessidade de estratégias contínuas e integradas que promovam tanto a prevenção quanto à reabilitação. Destaca-se a importância da padronização dos dados entre os ciclos a fim de viabilizar análises comparativas mais precisas. Conclui-se que o monitoramento sistemático da saúde bucal por meio dos inquéritos epidemiológicos nacionais é essencial para orientar políticas públicas e reduzir desigualdades históricas na atenção odontológica à população idosa brasileira.