Resumo:
A diplomacia conduzida por Jair Bolsonaro marcou um afastamento expressivo da forma como
o Brasil tradicionalmente se posicionava na América Latina, ao abandonar a participação em
fóruns de integração regional e priorizar relações bilaterais de caráter excludente. Com isso, a
presente pesquisa se justifica pela pertinência do tema no cenário da América Latina. Esse novo
direcionamento comprometeu o papel historicamente desempenhado pelo Brasil como
articulador regional e enfraqueceu sua imagem como liderança na região. Analisar esse período
é essencial para refletir sobre os desafios enfrentados pelo país na reconstrução da sua
credibilidade internacional e na retomada do protagonismo regional. O tema do trabalho é a
atuação da política externa brasileira na América Latina no século XXI, com foco nas
estratégias adotadas pelo governo Bolsonaro (2019-2022) e seus efeitos sobre a integração e a
cooperação regional. A política externa orientada a alianças seletivas e bilaterais sinalizou um
afastamento do multilateralismo e da tradição diplomática de integração regional,
características das administrações anteriores. Com isso, o trabalho busca responder à seguinte
pergunta de pesquisa: como a política externa do governo Bolsonaro, focada em relações
bilaterais, afetou a cooperação regional na América Latina? A pesquisa tem por objetivo geral
analisar a atuação da política externa do governo Bolsonaro para a cooperação regional na
América Latina. Para isso, desdobra-se em quatro objetivos específicos: (1) definir política
externa e apontar os principais atores envolvidos em seu processo de tomada de decisão,
destacando o papel do Presidente da República; (2) apresentar a definição de regionalismo e
um breve histórico de como essas iniciativas funcionam na América Latina; (3) examinar as
principais mudanças na política externa brasileira durante o governo Bolsonaro; e (4) analisar
o efeito dessas mudanças na cooperação regional latino-americana. A metodologia adota uma
abordagem qualitativa e a ferramenta do estudo de caso. A pesquisa se baseia na revisão
bibliográfica e na análise de fontes secundárias, como livros, artigos acadêmicos e reportagens
jornalísticas, com base na literatura especializada sobre política externa brasileira, integração
regional e diplomacia presidencial. Os resultados apontam que o governo Bolsonaro promoveu
uma inflexão na política externa brasileira, priorizando alianças bilaterais com governos
ideologicamente alinhados e esvaziando instâncias como Mercosul, UNASUL e CELAC. Essa
mudança comprometeu a posição do Brasil como mediador regional e enfraqueceu os
mecanismos de cooperação latino-americana. O estudo contribui, assim, para o debate
acadêmico sobre política externa, integração regional e os desafios atuais da cooperação no
continente.
Descrição:
MANIÇOBA, I. D. A política externa brasileira no governo Bolsonaro: efeitos na cooperação regional latino-americana (2019-2022). 2025. 77f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Relações Internacionais) - Universidade Estadual da Paraíba, João Pessoa, 2025.