Resumo:
Para as Relações Internacionais, o ataque às Torres Gêmeas em 2001 marca a virada do
século XX para o XXI e comprova algo que os pesquisadores de Relações Internacionais já
avisavam: o Estado não é o único detentor do uso da força. Pelo mundo, a falta de certas
qualidades aceitas como essenciais para o Estado moderno em parte do Sistema Internacional,
corroborou para que para que atores não-estatais exercessem sua função ou infiltrassem-se em
seus domínios, gozando, assim, de autoridade e aceitabilidade por parte dos demais atores
sociais. No Brasil, em cenários onde o aparato estatal não consegue e/ou não tem interesse em
atuar, como as periferias, outros agentes, como os atores não-estatais violentos (ANEVs), em
especial o crime organizado, e as igrejas pentecostais, ganham espaço e instrumentalizam
elementos e linguagens que possuem em comum com as populações em prol de seus
interesses. Neste sentido, visando contribuir para a ampliação bibliográfica dentro do campo
das Relações Internacionais, esta pesquisa se propõe a analisar a relação entre ANEVs e as
igrejas pentecostais nas periferias brasileiras, realizando um estudo sobre a pentecostalização
do crime organizado através da análise do caso do Terceiro Comando Puro (TCP) no
Complexo de Israel, no estado do Rio de Janeiro. O objeto foi escolhido por ser emblemático
na combinação dos dois fatores - violência e religião - e por ainda não ter sido plenamente
analisado dentro do campo das Relações Internacionais. A hipótese é de que a relação entre as
igrejas pentecostais e os ANEVs é simbiótica, pois ambos tiram proveito desta associação,
enquanto os resultados obtidos apontam que lideranças pentecostais usam a aproximação com
traficantes na comunidade para somar capital político e social nas periferias e os ANEVs, por
sua vez, aproveitam-se da limpeza moral atribuída aos evangélicos para conquistar confiança
e aceitação da população.
Descrição:
SILVA, M. E. L. Entre a fé e o crime: a relação entre as igrejas pentecostais e os atores não-estatais violentos nas periferias brasileiras no século XXI. 2024. 47f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Relações Internacionais) - Universidade Estadual da Paraíba, João Pessoa, 2024.