Avaliação da condição de saúde bucal de crianças de 7 a 12 anos atendidas na clinica escola da UEPB: impactos clinicos e biopsicosociais da cárie dentária

Abstract

Este estudo teve como objetivo avaliar a condição de saúde bucal de crianças entre 7 e 12 anos atendidas na clínica-escola de odontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) – Campus VIII, com ênfase nos impactos clínicos e biopsicossociais da cárie dentária não tratada. A pesquisa também buscou identificar o perfil sociodemográfico dos participantes, a necessidade de tratamento odontológico e os efeitos da saúde bucal na qualidade de vida infantil. Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa, realizado por meio de exame clínico, entrevista com os responsáveis e aplicação de questionário aos participantes. Os dados foram analisados no software PASW Statistics®, versão 18, com aplicação de estatística descritiva e testes bivariados (qui-quadrado de Pearson e exato de Fisher), adotandose nível de significância de 5%. A amostra foi composta por 44 crianças, das quais a maioria se autodeclarou preta ou parda, frequentava escola pública e possuía renda familiar inferior a um salário mínimo. A média do índice ceo-d foi de 2,63 e do CPO-D de 1,27, indicando maior comprometimento dos dentes decíduos. O índice pufa médio (0,59) foi consideravelmente superior ao PUFA (0,14), refletindo maior gravidade clínica da cárie nos dentes decíduos. Observou-se associação significativa entre indicadores sociodemográficos e necessidade de tratamento, bem como entre os índices clínicos e as dificuldades funcionais relatadas, especialmente em crianças com histórico de dor nos últimos seis meses. A dor esteve associada a maiores proporções de dificuldades para comer, brincar, dormir e sorrir, além de estar relacionada à percepção negativa dos responsáveis sobre a saúde bucal. Concluiuse que a cárie dentária não tratada tem impacto direto sobre a saúde geral e a qualidade de vida das crianças, sendo influenciada por fatores sociais como renda e etnia. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas voltadas à promoção da equidade em saúde bucal e de novos estudos que aprofundem a relação entre os determinantes sociais e os desfechos clínicos e psicossociais na infância.