Contabilidade dialógica e relatórios não financeiros na norsk hydro: transparência e diálogo na divulgação corporativa

Abstract

A presente pesquisa teve como objetivo analisar a presença dos princípios da contabilidade nos relatórios não financeiros da Norsk Hydro — uma das líderes no setor de alumínio, e está classificada entre as empresas de alto risco ambiental, o que a torna um objeto relevante de estudo para avaliar se promove um diálogo aberto e inclusivo com seus stakeholders em suas divulgações —, a partir dos aspectos e características dos princípios da contabilidade dialógica, no período de 2020 a 2024. É um estudo exploratório e descritivo. Adota uma abordagem qualitativa, de natureza aplicada. Os resultados da pesquisa constataram que os relatórios não financeiros da Norsk Hydro, referentes ao período de 2020 a 2024, apresentam uma evolução significativa na direção da contabilidade dialógica, conforme os princípios propostos por Brown (2009). Os resultados evidenciam que, embora os primeiros relatórios (2020 e 2021) apresentassem uma abordagem mais tradicional, com ênfase na performance financeira e institucional, os documentos mais recentes indicam uma incorporação progressiva de práticas dialógicas. Observam-se avanços consistentes em aspectos como participação, reflexividade, acessibilidade e reconhecimento de conflitos sociais, revelando um movimento contínuo de aproximação à contabilidade dialógica. Contudo, para consolidar essa transição, será necessário aprofundar a participação ativa dos stakeholders, democratizar o acesso às informações e integrar a diversidade de vozes de maneira mais estruturada nos processos de relato e decisão. A pesquisa contribui nos campos acadêmico, teórico e prático ao aprofundar o debate sobre a contabilidade dialógica e sua aplicação nos relatórios corporativos. Reforça a importância de práticas comunicacionais mais inclusivas, transparentes e sensíveis às demandas dos stakeholders. No campo teórico, fortalece a contabilidade dialógica como uma abordagem crítica frente à lógica tradicional. No campo prático, oferece recomendações às empresas interessadas em aprimorar seus processos de comunicação e accountability. Embora permaneçam limitações — como a ausência de participação efetiva de stakeholders externos, especialmente comunidades impactadas, ONGs e grupos vulneráveis, além da limitada acessibilidade das informações —, os avanços identificados demonstram que é possível aproximar a contabilidade de uma prática mais dialógica, orientada pelo interesse público e pela promoção da justiça social. Ademais, os resultados sinalizam a necessidade de pesquisas futuras em diferentes contextos organizacionais e culturais.