Compra de tecnologia com transferência de caças: o projeto FX-2 na dinâmica da tecnologia

Abstract

O Projeto FX-2 busca mais do que o reaparelhamento da Força Aérea Brasileira, ele busca o desenvolvimento nacional através da absorção de tecnologia. Porém, nem toda tecnologia é transferida e nem tudo que é transferido é devidamente absorvido pela estrutura tecnológica do Brasil, pois esta se encontra defasada pela falta de continuidade em investimentos humanos, materiais, políticos e, consequentemente, financeiros. A dinâmica internacional de tecnologia é um processo na qual todo e qualquer invento, ao se inserir no acervo de capacidades tecnológicas ao alcance do homem, é então ambicionada para a geração de novas invenções pela combinação de duas ou mais capacidades com fins de originar uma terceira. Por ter essa capacidade dinamizadora em praticamente todas as atividades humanas, a tecnologia é vista como uma fonte de poder: de poder tecnológico, econômico, político e militar, fazendo com que haja um paradoxo nas Relações Internacionais, onde a tecnologia necessita se expandir e gerar mais tecnologia ao mesmo tempo em que ela é protegida por seus Estados produtores, visando proteger seus investimentos e também evitar que outros Estados ganhem mais autoridade, visto que a assimetria provocada pela posse de uma determinada tecnologia sobre outros países confere vantagens econômicas, políticas e militares. O poder militar advindo da tecnologia é particularmente caro. Na busca por diminuir seus custos, os países podem cooperar e padronizar seus produtos, porém, os interesses políticos podem interferir e a cooperação se tornar inviável. Além disso, as possibilidades de sabotagens ou de controle remoto em projetos militares faz com que se reflitam os limites da cooperação militar. Por fim, conclui-se que o Projeto FX-2 pode trazer vantagens se ele causar a transferência de tecnologia e se essa tecnologia for absorvida e aproveitada com êxito. Caso contrário, o Projeto FX-2 pode ser um fracasso, onde se deixou de investir na criação, mesmo em longo prazo, de tecnologia nacional ou regional, aproveitando com isso, para ampliar os laços educacionais, econômicos e políticos na América do Sul, que ao compartilhar de valores e riquezas comuns, pode significar a garantia de segurança para todos na região.