Resumo:
Estudos demonstram que doenças bucais, como a doença periodontal, podem atuar como
focos de disseminação de microrganismos patogênicos com efeito metastático sistêmico,
especialmente em pessoas imunocomprometidas, a exemplo de pacientes internados em
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Considerando que nessas condições há uma
deficiência na higiene bucal do indivíduo, o aumento da quantidade e complexidade do
biofilme dental e bucal favorece a interação de bactérias do biofilme com patógenos
respiratórios, podendo levar à pneumonia nosocomial. Neste contexto, buscou-se avaliar
o conhecimento e as práticas de profissionais de saúde de UTIs de hospitais conveniados
ao SUS do município de Campina Grande-PB, acerca dos cuidados em higiene bucal de
pacientes hospitalizados. Para tanto, um questionário estruturado foi aplicado envolvendo
aspectos como: condutas em cuidados à saúde bucal realizados pelos profissionais em
UTIs, materiais utilizados na higiene bucal dos pacientes, autoavaliação dos
conhecimentos em saúde bucal e conhecimento da interrelação da condição bucal com
pneumonia nosocomial. Para a análise estatística descritiva e inferencial foi utilizado o
programa estatístico SPSS versão 20.0, considerando-se nível de significância de p
≤0,05.
O tamanho da amostra foi de 225 profissionais de saúde, dentre eles 34 médicos, 37
enfermeiros, 41 fisioterapeutas e 113 auxiliares e técnicos de enfermagem. Dentre as
condutas em relação aos cuidados à saúde bucal realizados pela amostra, a higiene bucal
foi citada por 91,8% dos enfermeiros e 100% dos auxiliares e técnicos de enfermagem.
Dos profissionais que realizavam higiene bucal, o uso associado do antisséptico bucal e
espátula com gaze foi o mais citado (45,2%). Observou-se ainda que dos profissionais
que relataram realizar o exame da cavidade bucal dos pacientes, nem todos fazem o
registro das condições bucais no prontuário. Por outro lado, dentre aqueles que não
realizam nenhuma conduta de cuidado à saúde bucal nos pacientes (35,2% dos médicos e
19,5% dos fisioterapeutas), as razões citadas foram: “não é responsabilidade da minha
área”, seguida por “o tempo de que disponho é insuficiente”, ou ainda, “porque nunca
recebi orientação para este procedimento”. Observou-se que 56,8% da amostra nunca
havia recebido orientações relacionadas a cuidados específicos com a saúde bucal de
pacientes hospitalizados. Verificando-se ainda que apenas 8% da amostra considera seu
conhecimento satisfatório, por esta razão, 98,7% dos entrevistados acham necessário que
profissionais de saúde recebam orientações acerca da higiene bucal de pacientes
hospitalizados. Quando apresentados à assertiva: “A placa bacteriana de pacientes
internados em UTI pode servir de reservatório para microrganismos associados à
pneumonia bacteriana”, 70,2% concordaram totalmente com tal afirmação. Considerando
os achados, a maioria dos entrevistados demonstrou bom conhecimento sobre cuidados
bucais em pacientes hospitalizados, embora a prática clínica seja limitada para algumas
das categorias profissionais avaliadas. Recomenda-se, portanto, que os profissionais
avaliados recebam cursos de educação continuada em saúde bucal envolvendo
conhecimentos teóricos e uma prática clínica que vise à melhoria das condições de saúde
bucal e geral dos pacientes em leitos hospitalares.
Descrição:
FIGUEIRÊDO JÚNIOR, E. C. Conhecimento e práticas de profissionais de Unidades de Terapia Intensiva quanto ao cuidado em saúde bucal de pacientes hospitalizados. 2014. 40f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2014.