Resistência das mulheres congolesas: confrontando sujeições sexuais

Abstract

A República Democrática do Congo tem padecido, no período pós-guerra Fria, de momentos de tragédia humana e desumanização. O país africano foi abalado por duas grandes guerras que geraram mais de 3,8 milhões de mortos, equivalendo a uma catástrofe humanitária. O término formal do conflito em 2003 não coibiu o “estado de violência” que assola a realidade congolesa, onde mais de 1,6 milhão de pessoas perderam a vida e outras centenas de milhares continuam enfrentando flagrantes violações de Direitos Humanos e vivenciando o drama de estarem deslocadas internamente, refugiadas ou sofrerem violações sexuais. A violência contra a mulher é um dado alarmante dentro deste clima belicista, que se encontra externado, principalmente, através de atrocidades sexuais como o estupro, a tortura, a escravidão sexual, o canibalismo e o incesto forçado. O presente estudo tem como intento compreender, a partir de um aporte bibliográfico e relato de casos, as consequências geradas pela opressão e subalternização das mulheres congolesas, através de autores e autoras como Judith Butler, Christine Sylvester, J. Ann Tickner, Liliana Suárez, Chandra Mohanty, Michel Foucault, dentre outras e outros. Além disto, busca delinear a relevância e pertinência das questões condizentes a questão de gênero, a partir de abordagens feministas pós-coloniais, anteriormente silenciadas e marginalizadas no campo das Relações Internacionais e de uma abordagem de segurança emancipatória, que coloca o seu foco no indivíduo e não no Estado. Por fim, pretende ainda abordar as estratégias de resistência e superação das mulheres, já existentes na RDC, uma vez que as mesmas deixam de estar na situação de objeto para ocupar a posição de sujeito, buscando a paz positiva a partir de uma modificação da violência estrutural e cultural do local. Fazemos isso a partir do estudo de uma ONG da RDC denominada COPERMA.