O corpo em (Des)construção nas revistas Corpo a Corpo e Boa Forma: uma análise discursiva sobre a mídia e seus mecanismos disciplinares.

Abstract

Este trabalho procura analisar nos discursos das revistas Boa Forma (Ed. 279 Abr. 2010 e Ed. 289. Fev. 2011 - da editora Abril) e Corpo a Corpo (Ed.289, Jun, 2011 e Ed. 277, Nov, 2010 - da editora Escala), procedimentos disciplinares na construção da imagem do corpo “perfeito”. Para tanto, temos como método a pesquisa qualitativo-interpretativa, por método indutivo, a partir de leitura e análise destas quatro edições das revistas (período compreendido entre 2010 e 2011). Por meio da análise das capas das revistas buscamos analisar os efeitos de sentido articulados nos discursos cristalizadores de um modelo específico do corpo perfeito, do “ser belo”, baseado em um ideal de perfeição da mídia e seu universo simbólico. A fundamentação teórico-metodológica do trabalho se baseia na teoria da Análise do Discurso, de linha francesa, e busca nos estudos de Michel Foucault (1984, 2005, 2008, 2010) Pêcheux (1995, 1997), Pêcheux e Fuchs (1997), Courtine (1999, 2005, 2009), bem como nos estudos desenvolvidos por Orlandi (2001, 2004, 2007), Indursky (1997, 2007, 2008, 2011), Gregolin (2007), entre outros teóricos, o arcabouço para as análises do corpus. Com base nas análises do discurso midiático materializado nas revistas, chegamos à conclusão de que a idealização de um “corpo perfeito” está enraizada na sociedade, de forma que é ditada e imposta para que os corpos de “todas” as mulheres tenham as “medidas” consideradas aceitáveis diante das exigências do meio social; quem não segue os padrões de beleza que são impostos por estes veículos legitimadores da verdade, é visto de maneira diferente, ou seja, excluído da sociedade. As revistas, portanto, atuam através de discursos preconceituosos e se subjetivizam mediante mecanismos de exclusão, já que atuam através da ordem e da disciplina. A pertinência da pesquisa está em instaurar um olhar crítico diante do que nos informam os veículos midiáticos, em saber, portanto, que o dizer sempre pode ser outro; observamos, assim, que as matérias produzem “verdades” e ao mesmo tempo, alimentam uma indústria da beleza. Seus sentidos estão articulados mediante aspectos econômicos. Os periódicos atuam conforme mecanismos disciplinares, conservando um discurso de “preocupação” com a leitora, mas se revestem de um discurso que visa o lucro e alimenta toda uma indústria da beleza.