Cultura africana na sala de aula: lendo As tranças de Bintou com jovens leitores

Abstract

Neste trabalho, discutimos os resultados obtidos em nossa pesquisa de campo realizada em uma escola da rede particular de Ensino, situada no município de Campina Grande – PB. A partir de uma proposta de intervenção no ensino de literatura, o presente estudo tem como finalidade repensar a prática escolar no tocante à aplicabilidade da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Partindo das dificuldades e limitações da efetivação desta norma, discorremos acerca da ausência e necessidade deste ensino nas séries iniciais, a saber, o 4° ano do Ensino Fundamental I. Dentre os objetivos traçados, buscamos a valorização da leitura literária e a formação do leitor, a partir da obra As tranças de Bintou, de Sylviane A. Diouf (2004), em cuja análise ressaltamos a representação da cultura e identidade negras. Metodologicamente, nosso trabalho constituiu uma pesquisa-ação, desenvolvida nas disciplinas de Língua Portuguesa e Artes, sob uma perspectiva intercultural (SILVA, 2012; WOODWARD, 2012), em que se analisou, através da leitura dramatizada, de relatos escritos e orais (roda de debates), a compreensão dos envolvidos quanto aos temas debatidos e a importância em disseminar a cultura africana rumo à “afrobetização” do ensino. A pesquisa está embasada nos Documentos Oficiais da Educação e nos fundamentos teóricos quanto ao letramento literário (PAULINO e COSSON, 2009; COSSON, 2012). A efetividade da Lei 10.639/03 não é somente um desafio para as escolas, mas um compromisso necessário em nível de políticas institucionais. Os resultados das ações desenvolvidas apontam caminhos para se trabalhar a literatura em sala de aula formando leitores, ao mesmo tempo em que é problematizado o racismo, educando os alunos para a compreensão da diferença e para a cidadania.