Depressão: Uma resposta à contemporaneidade?

Abstract

As constantes transformações pelas quais passa a sociedade contemporânea, com o crescente avanço científico e tecnológico, repercutem de forma significativa na vida dos sujeitos. Na atualidade, o mercado produz objetos de consumo cada vez mais sofisticados que ficam obsoletos com grande rapidez, sendo substituídos por outros cada vez mais interessantes e que percorrem o mesmo ciclo vital de rápida superação. A lógica da dinâmica desses objetos é uma tentativa de completar o que falta, tamponando o sofrimento e ofertando a promessa de preencher o que falta; trazer felicidade plena. Apesar do esforço de satisfação pela presença de um objeto, algo nesse sentido escapa e o vazio configura-se apontando a impossibilidade do completo preenchimento. O mal-estar advindo dessa realidade pode dá lugar a muitas escolhas, dentre elas: a sintomática. A depressão surge nesse contexto como um sintoma ―parceiro‖ do sujeito contemporâneo. Partindo dessa compreensão, este estudo é motivado pelos inúmeros casos de depressão que chegam cotidianamente à clínica e tem por objetivo discutir a contribuição da psicanálise para a clínica da depressão na contemporaneidade. Para isso, se propõe a fazer um percurso sob o olhar psicanalítico acerca dos impactos que a civilização acarreta para o sujeito, bem como a constituição dos sujeitos contemporâneos e as novas patologias que surgem nesse cenário. Entendendo, então, a depressão enquanto sintoma da contemporaneidade, a psicanálise coloca-se como um tratamento manejado eticamente sob a égide do amor de transferência, que possibilita ao sujeito que o escolhe ressignificar esse sofrimento e se haver com a falta a ser, haja vista, que essa, é parte estruturante da constituição de todo ser humano.