Sonho e inconsciente em Salvador Dalí

Abstract

Desde a antiguidade, os sonhos exercem fascínio na humanidade, e, particularmente, entre os egípcios e os judeus do Antigo Testamento. Os sonhos eram tidos como mensagens divinas e como forma de se comunicar com o sobrenatural, necessitando, assim, serem decifrados. Na Bíblia, existem diversas passagens que comprovam a existência dessa crença, e, inclusive, exemplos de sonhos interpretados. Mas, apenas no século XIX esse fenômeno foi trazido para o campo da psicanálise, por Sigmund Freud. Seus estudos levaram-no a descobrir uma área da mente humana que até então não havia sido desvendada, o inconsciente humano. Além disso, constatou-se que os sonhos são uma manifestação do inconsciente e que são sintomas neuróticos vivenciados por pessoas sadias. Com o objetivo de ajudar no tratamento de seus pacientes neuróticos, Freud buscava ter acesso ao inconsciente destes, através da interpretação de seus sonhos, para descobrir o que causava suas neuroses. Levando em conta as teorias sobre os sonhos, este trabalho tem como objetivo realizar uma leitura intersemiótica das obras: O sonho causado pelo voo de uma abelha ao redor de uma romã um segundo antes de despertar (1944) e O sono (1937), do pintor e escultor Salvador Dalí. Considerando a época em que Dalí fez parte do movimento surrealista e o período em que foi influenciado pelas teorias da psicanálise, elaboradas por Freud, analisaremos suas obras a partir das teorias freudianas sobre sonhos e como aporte teórico sobre o movimento surrealista, nos apoiaremos em Fiona Bradley (1999). O Surrealismo teve início por volta do ano de 1920 e objetivava expressar, com a máxima fidelidade possível, o que vinha do inconsciente humano, que era chamado de “o maravilhoso” pelo grupo surrealista. Enquanto fazia parte do movimento Surrealista, Dalí produziu diversas obras que abordavam o tema do inconsciente e uma de suas manifestações, o sonho. Embora tenha sido expulso do movimento, ele continuou sendo influenciado pelas teorias de Sigmund Freud.