Efeitos da orientação de valor cognitivo na relação entre indicadores de desempenho e decisão de investimentos: um estudo experimental

Abstract

As empresas utilizam planos de incentivos para promover congruência dos interesses dos gerentes de divisão com os interesses organizacionais e, então, adicionar valor através das decisões em projetos de investimento. Porém, incentivos baseados em indicadores como ROI (Returno on Investment) e EVA (Economic Value Added) não induzem automaticamente gerentes a optarem por investimentos que criam valor à organização. A literatura econômica sugere que gerentes incentivados pelo ROI tendem a tomar decisões de subinvestimento ou de superinvestimento por causa do potencial conflito entre interesses individuais e interesse da empresa. Em contrapartida, a literatura da psicologia social e de comportamento organizacional argumentam que os indivíduos trabalhando nas organizações diferem em orientação de valor cognitivo e, isso influencia seu comportamento diante de decisões que envolvem tensão entre interesses próprios e os da empresa. A orientação de valor cognitivo pode moderar a relação entre incentivo baseado em indicadores econômicos e decisão em projeto de investimento. Este estudo buscou analisar como incentivos econômicos e orientação cognitiva predominante (individualista ou coletivista) afetam as decisões em projeto de investimento. Um experimento com desenho fatorial 2 x 2 foi realizado com estudantes de graduação de Ciências Contábeis no Estado da Paraíba. Os resultados da pesquisa suportam a hipótese principal da pesquisa. Esta pesquisa mostrou empiricamente que individualistas incentivados pelo ROI, em cenário de decisão de investimento, alocam menos recursos ao projeto que individualistas incentivados pelo EVA. Tal evidência corrobora com as principais proposições dos manuais de contabilidade gerencial em relação avaliação de desempenho e descentralização nas empresas, de que gerentes abrem mão de investir em cenários como o do presente estudo porque seus interesses pessoais deixam de ser atendidos diante dos interesses organizacionais.