Guia de interações medicamentosas e de interferências em exames laboratoriais para portadores da Síndrome Congênica do Zika Vírus

Abstract

No início de 2015, numerosos casos de Zika Vírus foram registrados no Brasil, em especial na região nordeste. Desde que foi identificada em 2016, a Síndrome Congênita do Zika Vírus - SCZV tem se constituído em um desafio, sobretudo para pesquisadores e profissionais da saúde, autoridades sanitárias e a população atingida. O trabalho teve como objetivo a elaboração e edição de um Guia de Interações Medicamentosas e de interferências em exames laboratoriais que sirva de subsídio aos profissionais de saúde, direcionado aos pacientes pediátricos portadores da SCZV. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da UEPB sob parecer de n° 2.421.048, sendo inicialmente, realizada para coletar dados que pudessem refletir a real situação de prescrição e consumo de medicamentos desses pacientes. Numa primeira etapa do trabalho, foram feitas entrevistas com os cuidadores dos pacientes na Clínica de Fisioterapia da UEPB, utilizando-se um questionário elaborado a partir do método SOAP (Subject, Objective, Assessment, Plan), com observação direta dos pacientes, análise das prescrições médicas e de exames laboratoriais. Posteriormente, o trabalho foi complementado no Centro Especializado em Reabilitação (CER), onde foi possível ter acesso aos prontuários dos pacientes e o contato com diversos profissionais envolvidos no tratamento dos mesmos. Após a elaboração de uma lista dos medicamentos utilizados, os mesmos foram organizados em ordem alfabética e separados por classe farmacológica utilizando-se a base de dados Micromedex®. Foi realizada a análise das interações medicamentosas entre 44 tipos de medicamentos; destes 37 (84,1%) apresentaram alguma interação medicamentosa e/ou laboratorial, 5 (11,4%) não exibiram nenhuma interação em combinação com os demais, sendo estes: Salbutamol, Fumarato de formoterol di-hidratado + budesonida, Acetato de retinol + colecalciferol, proprionato de fluticasona, Vigabatrina; 2 (4,5%) eram fitoterápicos derivados do Canabidiol (CBD e THC). Nesse último caso, não se tem ainda dados consistentes quanto às interações, por se constituir uma nova alternativa de tratamento, sendo raros os relatos científicos quanto ao sua utilização, embora relatos dos cuidadores apresentem experiências efetivas quanto ao resultado esperado. Espera-se que este trabalho venha a contribuir efetivamente para o bem estar dos pacientes e para o desenvolvimento do trabalho da equipe de saúde envolvida, especialmente a elaboração de prescrições.