Jane Eyre: uma leitura do romance de Charlotte Brontë como um Bildunsroman

Abstract

O presente artigo discute o romance Jane Eyre de Charlotte Brontë. Procuramos descrever as características da personagem e suas peculiaridades ante a oposição aos romances clássicos e sua caracterização como bildungsroman, ou seja, o romance de formação, tendo em vista o papel feminino ante a sociedade da época, e da caracterização do crescimento da personagem desde sua fase infantil à adulta. Um dos principais objetivos do artigo é discutir acerca do mesmo como um romance de formação e da importância do acompanhamento das diversas fases de vida da personagem principal. Foram utilizadas na fundamentação estudos de autores acerca da temática como Morais (2004), Ceia (1999), Rocha (2015) e Klee (2008) para a análise da narrativa de Brontë (2016). Tanto as descrições que envolvem pessoas, como ambientes, como as atmosferas das paisagens descritas ao longo da narrativa são marcadas por uma retórica de terror e de intimidação que vão pouco a pouco descortinando-se na própria formação da personagem central. Tudo isso remonta e descreve com clareza de detalhes de um romance de formação: tudo é grandioso e a própria natureza parece oprimir e sufocar os personagens nela mergulhados e sem escapatória, a personagem central, desde a sua infância em uma casa onde não era querida, sua adolescência e formação acadêmica, além da busca de sua realização e lugar no mundo envolve o leitor. Cada nuance, cada traço psicológico da personagem vai se desvanecendo ou se fortalecendo à medida que se desenvolve a narrativa e essa caracterização do romance vai se fundindo à própria descrição dos ambientes histórico e social da época, pois, conforme a personagem central vai mudando de ambiente e de situações fica mais delineada sua personalidade.