A atuação das Rainhas Vasti e Ester diante do poder político-patriarcal: a bíblia enquanto narrativa social

Abstract

As mulheres têm sua luta pela conquista de lugar social marcada por milênios de humilhação e opressão masculina. A religião e as escrituras sagradas dos cristãos – a Bíblia – foram base para uma permanência das mulheres nesse plano de subserviência obrigatória durante todo esse tempo, e aos homens, como autores da Bíblia e como dominantes na sociedade, coube a responsabilidade de praticar a misoginia para perpetuar o poder masculino na esfera político-social e econômica, durante toda a história, até a contemporaneidade. Entretanto, sempre houve mulheres que tentaram quebrar esse sistema. Se, hoje, elas são difamadas, numa época mais antiga, no tempo das escrituras bíblicas, elas eram duramente castigadas, podendo, inclusive, perder suas vidas. A luta da mulher para conquistar espaço não é atual, foi construída a passos lentos, devido a essa estrutura social patriarcal vigente, mas foi iniciada, e temos exemplos de mulheres revolucionárias na própria Bíblia (caso da rainha Vasti no livro de Ester), ainda que reprimidas, castigadas e repudiadas, em suas histórias, deixaram sementes plantadas, para que, um dia, a revolução acontecesse. Para a discussão proposta, foi utilizada a análise bibliográfica de artigos sobre feminismo (Andrée Michel), relações de dominaçãomasculina (Guido Mantega), história da Bíblia (Jonathan Kirsch) e da religião Católica (Heleieth I. B. Saffioti), para relacioná-los com uma análise literária do livro de Ester na Bíblia.O intuito desta pesquisa foi analisar o livro de Ester, à vista da teoria assinalada para discutir as relações da mulher com o patriarcado e a influência deste na sociedade e nos direitos e deveres das mulheres nos tempos bíblicos, bem como a continuidade desse sistema social ainda nos dias de hoje. Assim, pudemos compreender como a luta das mulheres por espaço social foi galgada vagarosamente e a troco de muito sofrimento feminino, e que, essa luta, que se iniciou com pequenas revoluções domésticas (como o caso da rainha Vasti), foi se alastrando com o tempo pela sociedade, até que tivéssemos as conquistas femininas que alcançamos atualmente