Investigando ações docentes em estágio supervisionado da UEPB: o ensino de oralidade na formação inicial

Abstract

O ensino reflexivo da oralidade é relevante para o desenvolvimento das habilidades linguísticas, e por tanto é necessário que o professor de língua tenha conhecimento sobre o trabalho com a modalidade oral, possibilitando assim sua realização. Entretanto, a realidade que conhecemos é de um ensino equivocado, seja por parte dos professores da educação básica ou pelas falhas do livro didático ao abordar o ensino de oralidade de forma não satisfatória. Acreditamos ser a universidade, na graduação e na pós-graduação de cursos de licenciatura e formação de professores, o espaço de discussão dessa recente linha de pesquisa, o que deve possibilitar aos profissionais deste ambiente uma formação para o trabalho com tal modalidade. Diante disso, surge o interesse de verificar o nível de comprometimento dos estagiários, em final de curso de licenciatura em Letras da Universidade Estadual da Paraíba (Campus I), em prol de um trabalho com gêneros orais em sua ação docente. O que se justifica pela acentuada necessidade de um trabalho com uma modalidade da língua bastante utilizada nas práticas social dos sujeitos: a fala. Nossa pesquisa revelou que quando o graduando da licenciatura em letras tem um dos seus primeiros contatos com a sala de aula, seleciona gêneros textuais escritos, sendo pouquíssimos os casos de elaboração sistemática de sequências didáticas que envolvem os gêneros orais. Frente a tal constatação, partimos para analisar: se estes profissionais têm recebido uma base teórica durante a formação inicial que fundamente suas práticas de ensino do texto oral; se existe algum fator de organização do Estágio Supervisionado que esteja impossibilitando o ensino de tal modalidade; e como os futuros profissionais estão preparados para usar os gêneros orais na ação docente. O que permitiu identificar o motivo da ausência dos gêneros orais na elaboração de suas sequências didáticas, não atendendo as cobranças dos PCN de língua portuguesa e mesmo não reconhecendo que a maioria das ações dos sujeitos, operadas pela linguagem na sociedade contemporânea, são pautadas pela oralidade, consequentemente emolduradas pelos gêneros orais. Nosso estudo é de perspectiva metodológica quantitativa e qualitativa, com agentes de pesquisa classificados como alunos do curso de letras, com habilitação em língua portuguesa da Universidade Estadual da Paraíba, dos turnos manhã e noite. Nos Fundamentamos pelas contribuições teóricas de Marchuschi (2001; 2005; 2007; 2008), ao mostrar a forma equivocada do ensino de oralidade por parte dos livros didáticos e delinear o percurso dos estudos desenvolvidos sobre o texto oral, trazendo contribuições significativas na delimitação das características próprias a oralidade e propondo uma abordagem de continnum entre o oral e o escrito. Visão teórica ampliada para os nossos objetivos de pesquisa através das contribuições de Dolz & Schneuwly (2010), que refletem sobre os gêneros orais em sala de aula; como também reflexões feitas por Fávero (2007) e Silva (2010), que acrescentam também a reflexão sobre as lacunas deixadas na formação de professores para que estes saibam ensinar a modalidade oral da língua.