Variação de traços funcionais em Maytenus rigida Mart. (CELASTRACEAE) sob distintas condições ambientais no semiárido do Brasil

Abstract

Populações de planta de uma mesma espécie modificam seus traços funcionais em resposta as variáveis ambientais, bem como as estratégias ecológicas para garantir sua permanência e adaptação as condições locais. Assim, foram investigadas quatro populações da espécie Maytenus rigida Mart. para verificar a existência de variação intraespecífica em traços funcionais e compreender a amplitude de nicho dessa espécie presente em habitats distintos. Foram selecionadas três populações numa área de Caatinga com diferentes fitofisionomias e uma população na Floresta Estacional Semidecidual (FES), nas quais foram escolhidos cinco indivíduos e coletadas amostras de folhas, madeira e solo. Para verificar diferenças nos traços funcionais entre as populações utilizou-se Análise de Variância, e Análise de Correspondência Canônica para agrupar os traços funcionais e variáveis edáficas. Observaram-se diferenças na expressão dos traços foliares Espessura foliar (EF), Área Foliar (AF), Área Foliar Específica (AFE), Conteúdo de Matéria Seca Foliar (CMSF), Matéria Seca por unidade foliar (MFA) entre indivíduos do ambiente de Caatinga e FES, e entre os habitats da Caatinga, com exceção do CMSF que não diferiu. A espécie apresentou alta densidade de madeira em todos ambientes. Em relação ao pH e fertilidade, os solos da FES se apresentaram ácidos e pobres em nutrientes e os da Caatinga, próximos a neutralidade e férteis. Nota-se pela elevada variação intraespecífica nos traços foliares, uma amplitude de nicho elevada, com adaptabilidade aos condicionantes abióticos predominantes do ambiente. Tais níveis de variação fenotípica podem contribuir para a persistência de M. rigida frente às mudanças climáticas globais.