Bonitinha, mas bem ordinária: do erótico ao pornográfico uma leitura das páginas de Edades de Lulú, de Almudena Grandes

Abstract

No cenário contemporâneo da literatura, uma das escritoras mais importantes não apenas pela quantidade de livros ou prêmios recebidos, mas principalmente pelas temáticas escolhidas e pelo modo particular de narrar às histórias – é a espanhola Almudena Grandes, autora de obras impactantes e variadas, o livro Las edades de Lulu, que classificado como erótico, tem um teor a mais, evidenciando a visão acerca dos relacionamentos e do estilo de vida atual. Podemos resumir a importância dessa obra citando Mario Vargas Llosa em uma crítica no jornal espanhol El Pais que nos mostra que “[...] escrita con madura solvencia, y que, además de captar el espíritu de una época, mantiene en nuestros días toda la pugnacidad crítica, el humor acerbo, la gracia verbal y las audacias imaginativas que sorprendieron tanto, al parecer, hace tres lustros.”As sociedades ocidentais, ao longo do século vinte, enfrentaram várias transformações nos seus códigos e valores, principalmente no que diz respeito às relações entre homens e mulheres. Ao longo dos últimos cem anos, as mulheres, através de lutas intensas, têm conseguido o respeito crescente aos seus direitos, tanto na vida pública quanto privada. No entanto, essas mudanças não ocorrem em todos os lugares na mesma intensidade, ou com a mesma profundidade. Numa tentativa de entender todas essas transformações, e explicá-las, emergiu no pensamento social da segunda metade do século vinte o conceito de gênero. O objetivo principal deste trabalho de conclusão de curso é analisar o papel da personagem Lulú em sua busca de identidade e como Almudena Grandes mostra neste romance o uso do erótico e do pornográfico como recurso de criação literária. Para tanto nossa fundamentação teórica esta calçada à luz de Zolin (2005), Hall (1999) Bataille (1987) e Louro (1997). A análise nos mostra que a personagem Lulu é importante assinalar que a categoria gênero tem passado por significativas transformações, possibilitando-lhe assim um caráter mais dinâmico. Esse conceito, quebra com uma interpretação naturalista das identidades, em prol da afirmação de uma concepção cultural e histórica. Por ele, as pessoas não nascem, naturalmente, sendo do sexo masculino ou feminino, mas, sim, nascem com um corpo, sobre o qual a sociedade lança seus olhares e dá um sentido. A pessoa será masculina ou feminina, assim, em função de sua história de vida. Sendo assim, partindo das afirmações levantadas neste artigo sobre erotismo e pornografia, podemos classificar LasEdades de Lulú como uma novela pornográfica, pois apresenta a temática sexual como algo carnal, explícito, algo que independe do amor e tem como sua meta somente o prazer sexual – o orgasmo.