A casa da madrinha: uma crítica à educação na obra de Lygia Bojunga Nunes

Abstract

Este artigo tem por objetivo discutir a importância da narrativa infanto-juvenil A Casa da Madrinha (1978), de Lygia Bojunga Nunes, para a formação humana das crianças e dos adolescentes. A análise, por um lado, busca demonstrar como as práticas pedagógicas dissociadas do contexto social do aluno dificultam o seu desenvolvimento emocional e intelectual, com implicações fundamentais no aspecto psicológico; por outro, procura apontar o papel relevante da literatura para esta fase do desenvolvimento humano. Logo, o ensino de literatura deve proporcionar a criticidade e a reflexão ao aluno-leitor sobre sua própria realidade interior e exterior. Dificultar e/ou restringir a leitura literária de textos ficcionais orais ou escritos, populares ou clássicos pode mutilar inapelavelmente a personalidade em formação segundo Candido. O livro de Bojunga oferece ao jovem leitor importantes indicações e sugestões para a construção da resiliência, da consciência do próprio valor, bem como para o enfrentamento positivo dos dilemas e medos interiores em um contexto adverso. Muito se tem criticado o aspecto formador da literatura, apontando-o como instrumento de controle e dominação. Todavia, não se deve esquecer que não somente do mau uso vive esta prerrogativa do texto literário. A casa da madrinha é uma prova disto. Para o embasamento desta discussão, foram consideradas as contribuições de Candido (2004), Cademartori (2010), Todorov (2012) e Meireles (1984).