Ensino e interdisciplinaridade: o diálogo entre literatura e geografia em poemas de Florbela Espanca

Abstract

O contexto globalizado no qual estamos inseridos fornece uma grande demanda de informações que, precisam estar conectadas para fazer significar em nosso cotidiano. No âmbito escolar, o método de ensino-aprendizagem é centrado na explanação de disciplinas isoladas que não promovem a contextualização dos conhecimentos adquiridos. Uma das possibilidades para minorar essa disciplinarização será efetivar o diálogo entre as disciplinas. Dessa forma, a presente pesquisa objetiva ressaltar a importância da prática interdisciplinar como ferramenta didática para reagir contra a fragmentação do conhecimento. À vista disso, analisaremos os poemas “A nossa casa” (1931), “Minha terra” (1931) e “Paisagem” (1999), da autora Florbela Espanca; para evidenciar as possibilidades de diálogo entre a Literatura (poesia) e a Geografia (aspectos do espaço), contribuindo, assim, para a realização de práticas interdisciplinares na Educação Básica, especificamente, nas turmas do Ensino Médio. Como referencial teórico, a presente pesquisa teve como pilar as contribuições de Hilton Japiassu (1976) e Ivani Fazenda (2008, 2014), no que tange a compreensão da interdisciplinaridade como elemento fundamental na busca pela superação da divisão do conhecimento; Yi-Fu Tuan (1974, 1976), ao abordar a vertente humanista da Geografia, que visa a compreensão dos aspectos subjetivos dentro da ciência geográfica; e Gaston Bachelard (1979), ao refletir poeticamente sobre os espaços singulares que denotam valor para o indivíduo, sendo esta abordagem o ponto de partida para a articulação entre a Literatura e a Geografia ao investigar o mesmo objeto. Do ponto de vista metodológico, tratou-se de uma pesquisa bibliográfica, cuja investigação voltou-se para a análise de aspectos subjetivos, interpretação dos dados e descrição de fenômenos. Os resultados apontam para a compatibilidade que ambas as disciplinas possuem através da exploração do espaço que, outrora, era analisado apenas sob o enfoque científico. Singularizando o espaço através de elementos subjetivos, pretendemos resgatar o conceito e expandi-lo de forma que instigue a reflexão acerca da nossa relação com o mundo, não apenas sobre o modo como agimos, mas também, como reagimos em determinados espaços que são singularmente significativos.