As condições da leitura em aulas do 6º e 9º anos do ensino fundamental: o que diz o discurso dos professores

Abstract

A prática da leitura, no contexto escolar, é considerada como um meio fundamental para a formação de leitores ativos e críticos preparados para a sociedade atual. No entanto, observa-se que as estratégias utilizadas para a realização desse objetivo têm suscitado muitas discussões, principalmente, quanto à contribuição dessas estratégias de ensino da leitura, nas aulas de Língua Portuguesa. Constatam-se que esses recursos, ainda utilizados no contexto escolar, direcionam a prática da leitura para a aquisição de conteúdos a serem trabalhados e não para a formação dos alunos em sujeitos leitores críticos, aptos a atuar na sociedade. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo geral fornecer subsídios para contribuir com a discussão, no contexto do ensino da leitura, sobre o(s) modo(s) como se desenvolve(m) a(s) aula(s) de leitura, evidenciando a perspectiva teórica que a fundamenta. E, como objetivo específico, interpretar os pontos de vista de professoras de Língua Portuguesa, analisando, no discurso constitutivo de suas respostas, o modo como compreendem a leitura. Para a constituição do corpus, foram realizadas entrevistas escritas com quatro professoras de Língua Portuguesa de duas cidades do interior da Paraíba. Como fundamento teórico, para se compreender o discurso das professoras, quanto ao processo de ensino da leitura em sala de aula, temos a contribuição da Análise de Discurso que concebe a leitura como um processo historicamente situado. A leitura é trabalhada, nessa perspectiva teórica, como um mecanismo para se compreender a ideologia, logo, trabalha-se com possibilidades de leitura de um texto e não com a ideia de uma única e “verdadeira” leitura. Para embasamento teórico, a análise interpretativa que se pretende fundamentou-se em autores como: Brandão (2004), Fernandes (2007), Orlandi (1998, 2005, 2007a, 2007b, 2010), entre outros autores da linha teórica apresentada. Na área da Educação, acerca da concepção de estratégias didáticas, contamos com a contribuição de Libâneo (1992). Buscamos destacar, nesse trabalho, que o modo como os sujeitos de discurso falam da aula de leitura sugere a orientação de uma formação discursiva que evidencia uma concepção de leitura de base estrutural a dialogar com concepções de leitura revistas pelas novas tendências das teorias científicas da lingüística.