Meningite eosinofílica associada à presença do caracol gigante africano (Achatina fulica Bowdich, 1822)

Abstract

Meninges são um conjunto de membranas que revestem e protegem o sistema nervoso central, medula espinhal, tronco encefálico e encéfalo. A inflamação destas membranas é denominada meningite, patologia que pode ser potencialmente fatal. Este processo inflamatório é geralmente causado por agentes infecciosos, tais como bactérias, vírus, fungos ou parasitos. Os parasitos mais envolvidos em meningites são os helmintos, que causam uma variedade denominada meningite eosinofílica, pois causa um grande acúmulo de eosinófilos no líquido cefalorraquidiano. Um agente etiológico que causa meningite eosinofílica vem se destacando nos últimos anos nos países tropicais, particularmente no Brasil. Trata-se do Angiostrongylus cantonesis, parasita cujo ciclo evolutivo ocorre em roedores e moluscos, tais como caramujos, caracóis e lesmas, que se tornam hospedeiros intermediários do verme. Deste modo, este trabalho teve como objetivo principal verificar a associação entre a presença do molusco exótico Achatina fulica, conhecido como caracol gigante africano, com o aumento dos casos de meningite eosinofílica no Brasil. Para esta revisão bibliográfica foi realizada uma busca em bancos de dados com a utilização do portal Periódicos Capes. Os estudos destacam que os casos de meningite eosinofílica têm aumentado após a expansão do molusco invasor Achatina fulica por todo o Brasil. Como a angiostrongilíase é uma parasitose grave e emergente, as autoridades de saúde devem criar mecanismos de vigilância epidemiológica específicos para detectar casos suspeitos de meningite eosinofílica. Sobretudo, é importante ampliar estratégias de controle ambiental sobre os possíveis moluscos vetores, em especial de Achatina fulica, já que esta espécie é exótica, invasora e foi introduzida no país de forma negligenciada e irresponsavelmente descartada na natureza, onde constitui uma ameaça à biodiversidade por competir com espécies de moluscos locais. Deste modo, o seu controle é de fundamental importância para a saúde pública.