O livro didático em perspectiva: nos caminhos da escritura do gênero carta de leitor

Abstract

No que concerne aos estudos sobre língua e linguagem, vivemos um tempo privilegiado onde a contínua discussão sobre o assunto é terreno para a vasta produção de trabalhos que visam submeter a língua a uma revisão de seus aspectos de aquisição, funcionalidade e uso através dos gêneros discursivos. E é em meio a essa efervescência produtiva que afloram reflexões sobre os modos de ensino/aprendizagem da escrita utilizando-se os gêneros na escola, bem como suas implicações para a melhoria (ou não) na qualidade de vida e possibilidade de ascensão social dos usuários da língua, em especial os que fazem uso do gênero carta, aqui objeto de nossa apreciação na modalidade carta de leitor como corpus para análise. Objetivamos analisar se a proposta de produção desse gênero discursivo, presente no livro didático Português: linguagens, de Cereja e Magalhães (2009), referente ao 8º ano do Ensino Fundamental (EF), coaduna-se com as orientações para desenvolvimento da escrita constantes nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), uma vez que esse documento toma como referência uma abordagem sociointeracionista de ensino. Nosso aporte teórico se respalda nas concepções de linguagem de Geraldi (2006), nas noções de escrita retratadas por Sercundes (2000), e na teoria dos gêneros do discurso, proposta por Bakhtin (2010), ratificadas pela visão sociointeracionista de ensino de Bronckart (2008). A pesquisa já aponta para alguns resultados significativos, demonstrando que tal compêndio apresenta uma proposta de escritura que caminha para adequação aos novos paradigmas de ensino de escrita, proporcionando ao aluno-escritor mecanismos para o desenvolvimento de uma competência linguístico-textual-discursiva.