Uso de plantas da caatinga na medicina popular: Um estudo de metadados sobre a efetividade terapêutica e o uso praticado

Abstract

As plantas sempre foram utilizadas para diversos fins e desde sociedades antigas elas são utilizadas na medicina popular, para tratamentos, prevenção e cura de doenças. Seus usos e aplicações foram passando, inicialmente, por meio da transmissão oral e, até hoje continua a ser utilizada principalmente por pessoas de baixa renda. A ciência, a partir dessas informações já acolheu e vem estudando algumas delas. No semiárido nordestino, devido a uma rede entrelaçada de questões sociais, políticas e de ambientais a população busca no seu bioma recursos naturais que ofereçam fins terapêuticos a baixos ou nenhum custo. Nesse contexto o objetivo do trabalho foi analisar espécies vegetais da Caatinga utilizadas na medicina popular, como também sua eficiência comprovada para os fins praticados no intuito de compreender as relações de práticas e efetividades terapêuticas. Estudamos as espécies Myracrodruon urundeuva Allemão, Aspidosperma pyrifolium Mart., Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. e Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Os dados foram obtidos por busca documental guiada por palavras chaves em trabalhos de cunho etnobiológicos que continham dados sobre a indicação de uso feito pela população e por palavras chaves que indicassem a eficácia das plantas quanto aos seus usos e aplicações. Foram analisados 975 trabalhos, onde 12% apresentou conexão entre as práticas populares de uso e comprovação científica. Foi apontado um amplo leque de indicações de uso, destacando-se Myracrodruon urundeuva Allemão, como a espécie de mais amplo uso e de comprovação de sua eficácia. Concluímos que apesar das espécies analisadas serem bastante utilizadas, os seus usos são bastante diversificados e nem sempre a sua finalidade terapêutica encontra sustentação na presença de substâncias que garantam a ação terapêutica pretendida pela população, ou seja, há muito de “fé” na sua eficiência terapêutica. Mas que, de modo geral a inexistência de recursos diversos para grande parte da população usuária faz desses recursos ambientais uma possibilidade de cura ou sobrevivência mesmo desconhecendo a real eficácia. Diante disso reforça-se a máxima de que a “fé pode curar”.