Estudo das Intoxicações por Psicofármacos Motivadas Pelo Comportamento Suicida

Abstract

As overdoses por medicamentos levam a um quadro de intoxicação, cujas circunstâncias, muitas vezes, são causadas pela tentativa de suicídio, podendo ou não evoluir ao óbito. O principal grupo de substâncias responsável por esses eventos são os medicamentos, sendo frequente o uso de psicofármacos, em consequência, principalmente, dos altos índices de problemas psicológicos e/ou psiquiátricos, que favorecem o acesso a esses fármacos. Este estudo objetivou estudar as intoxicações por psicofármacos motivadas pelo comportamento suicida. Tratou-se de um estudo transversal e retrospectivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido a partir de 94 casos de intoxicações agudas por psicofármacos. Os dados foram coletados das fichas de atendimento e notificação do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Campina Grande (CIATox — CG), localizado no Hospital Regional de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes (HETDLGF), na cidade de Campina Grande, PB, entre janeiro e dezembro de 2019. As intoxicações por psicofármacos foram mais frequentes no gênero feminino (n=73; 77,6%), na faixa etária entre 12 e 21 anos (n=34; 36,2%) e estudantes (n=36; 38,3%). O grupo farmacológico prevalente foi dos antiepiléticos (n=53; 34,0%), sendo o clonazepam o fármaco frequente (n=36; 23,2%). A síndrome tóxica mais comum foi a hipnótico-sedativa (n=22; 23,4%). O tratamento foi composto de medidas de suporte e de descontaminação, na maioria dos casos, e pelo uso de antídotos e/ou antagonistas. O quadro grave foi predominante (n=81; 86,2%), contudo a evolução foi favorável para maioria dos casos (n=87; 92,6%). No tocante à prevenção do suicídio, embora o Brasil tenha avançado na elaboração de políticas públicas, o problema persiste. Os dados obtidos nesta pesquisa poderão auxiliar na efetivação de alguns pontos fortes da prevenção. De acordo com o Ministério da Saúde, as pesquisas indicam que os esforços de prevenção do suicídio serão muito mais eficazes se abrangerem vários níveis e incorporarem várias intervenções. Isso requer intervenções nas comunidades e envolvem reformas sociais e políticas. Para alcançar o objetivo comum de prevenção do comportamento suicida, organizações, legisladores e membros da sociedade devem trabalhar de forma colaborativa e coordenada, utilizando uma abordagem multidisciplinar.