“Eu não tinha levado um plano b”: o trabalho do professor em formação inicial no estágio supervisionado, no Pibid e no Programa de Residência Pedagógica

Abstract

Esta monografia tem como objeto o trabalho de professores de Língua Portuguesa em formação inicial em três contextos: no Estágio Supervisionado, no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e no Programa de Residência Pedagógica (PRP). Inserido na perspectiva da Linguística Aplicada brasileira, surgida no final do século XX, que focaliza a análise do trabalho docente, este estudo pretendeu responder ao seguinte questionamento: O que os textos/discursos de estagiários, pibidianos e residentes indicam sobre o trabalho desses professores em seus contextos de iniciação à docência? Para responder a esse questionamento, foi estabelecido o seguinte objetivo geral: identificar em entrevistas, principalmente, nos níveis organizacional e enunciativo, as características do trabalho de professores em formação inicial nos três contextos acima mencionados. A fundamentação teórica compreende dois momentos. No primeiro, abordamos os conceitos de “gênero da atividade”, oriundo das Ciências do Trabalho, de “professor iniciante” (SAUJAT, 2004) e de entrelugar socioprofissional (REICHMANN, 2014). No segundo, apresentamos o conceito de “trabalho do professor” (MACHADO, 2007) e os procedimentos de análise de textos do e sobre o trabalho docente proposto pelo Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (BRONCKART; MACHADO, 2004; MACHADO, BRONCKART, 2009). A presente pesquisa é qualitativa, descritivo-interpretativa e utiliza dados gerados através de entrevistas com quatro docentes: uma estagiária, uma pibidiana e duas residentes. As categorias de análise são três: a primeira aborda o planejamento das aulas e a elaboração de material didático; a segunda focaliza as relações interpessoais estabelecidas nos contextos de iniciação à docência; e a terceira interpreta as dificuldades, as frustrações e as alegrias vivenciadas pelas colaboradoras. Os dados apontam que o trabalho coletivo é mais presente nos programas de iniciação e não tão evidente nos planejamentos e intervenções da disciplina de estágio. Nota-se ainda que a estagiária não se reconhece tanto como professora, mas como aluna-professora. Já a pibidiana e as residentes se vêem como professoras-alunas.