Percepção de estudantes sobre cuidados em saúde mental em uma escola pública rural

Abstract

O conceito de saúde mental é atravessado por dimensões psicológicas, biológicas, culturais e sócio-históricas, indo além da ausência ou presença de doenças mentais. A saúde mental pode ser dialogada nos mais diversos contextos sociais, incluindo o espaço escolar, que se apresenta como sendo um espaço de potencialidades criativas, criadoras e transformadoras do ser humano e do mundo. Especificamente no contexto rural, a escola é marcada por singularidades e particularidades, o que torna importante pesquisas nesse campo. Nesse sentido, esta pesquisa tem por objetivo analisar como estudantes percebem as formas de cuidados em saúde mental em uma escola pública, localizada na zona rural do município de Ingá - PB. Participaram desse estudo 21 estudantes do nono ano do Ensino Fundamental II. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, de campo, de caráter exploratório e descritivo. A coleta de dados ocorreu de forma presencial, através da aplicação de um questionário aberto, contendo os seguintes eixos temáticos: “Realidade da escola no contexto rural”; “Conceito de saúde mental”; “Formas de cuidado em saúde mental na escola rural”; “Dificuldades de acesso ao cuidado em saúde mental na escola rural”; “Atividades que gostariam que existissem na escola como formas de cuidados em saúde mental”. Foi solicitado aos estudantes que citassem três palavras que, na percepção deles, estariam associadas a cada questão/eixo temático apresentado. A proposta baseou-se no método freiriano de palavras geradoras, entendidas como as unidades básicas do universo vocabular do educando, com capacidade de retornarem em ações transformadoras no mundo. As respostas foram submetidas à análise de conteúdo de Bardin (2016). Nos resultados, os estudantes apresentaram como sendo as principais formas de cuidado em saúde mental na escola o diálogo; os vínculos entre professores, colegas e gestão escolar; as atividades físicas e as metodologias ativas de ensino. Sobre o acesso a cuidados em saúde mental na escola, os educandos apontaram dificuldades individuais ligadas a questões emocionais e de aprendizagem; desrespeito na escola; falta de profissionais da psicologia; ausência de diálogo e problemas metodológicos. Com relação às atividades que os estudantes gostariam que tivessem na escola como formas de cuidados em saúde mental, estes indicaram metodologias ativas; brincadeiras; atividade física; atividades extracurriculares; psicólogos disponíveis; diálogo e mais merenda. Os resultados corroboram com a literatura a respeito da importância da afetividade na aprendizagem, da educação física escolar e do uso das metodologias ativas na escola.