Perfil de resistência antimicrobiana de cepas de Mycobacterium tuberculosis no estado da Paraíba

Abstract

A tuberculose, doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis (MT), por ser considerada uma doença negligenciada e relacionada a condições de pobreza e aglomerações de pessoas em situações de vulnerabilidade, afeta a população independente das suas características sociodemográficas. Um dos grandes problemas da tuberculose está no seu fácil contágio e disseminação. O diagnóstico precoce constitui uma ferramenta de grande importância para seu controle e cura. Nessa perspectiva, o laboratório de análises clínicas e o profissional farmacêutico são essenciais para a confirmação e controle da doença. Os principais testes diagnósticos incluem a baciloscopia, a cultura e os testes de sensibilidade da bactéria aos antimicrobianos (TSA). Pois a partir destes se consegue uma terapia de maior eficiência. O objetivo deste estudo foi avaliar o quantitativo de culturas positivas para MT e o seu perfil de resistência aos antimicrobianos rotineiramente utilizados no controle da doença. Trata-se de uma pesquisa documental, com abordagem quantitativa e descritiva, que aconteceu no período de janeiro de 2020 a outubro de 2022. Os dados foram coletados a partir de arquivos do Laboratório de Saúde Pública da Paraíba (LACEN-PB) os quais eram armazenados no gerenciador de ambiente laboratorial (GAL) e a amostra foi composta por 1.773 culturas e 754 TSA. Observou-se que dentre as 1.773 culturas realizadas, 570 (32,1%) foram positivas para MT, 1.022 (57,6%) foram negativas e 181 (10,2%) inconclusivas. No tocante aos 754 TSA testes de sensibilidades aos antimicrobianos, constatou-se que a Estreptomicina foi o antimicrobiano com maior número de cepas de MT resistentes, 377 cepas (49,74%). Em segundo lugar de maior índice de cepas resistentes esteve o Etambutol, 152 cepas(20,05%), seguido pela Isoniazida, com 111 cepas (14,64%). Observou-se que a Rifampicina foi o antimicrobiano com menor índice de cepas resistentes, 58 cepas (7,65%). Um fato de muita preocupação foi observado com as cepas que apresentaram multirresistência aos quatro antimicrobianos testados, perfazendo o total de 27 cepas (3,56%). Observou-se que a multirresistência foi crescente ao longo dos 3 anos estudados. Conclui-se que a quantidade de culturas positivas ainda é elevada. A resistência a estreptomicina aponta para a sua baixa eficiência, o que pode ser acarretado pelo seu uso exacerbado. Sugere-se que a rifampicina seja o antimicrobiano utilizado em casos onde o TSA não possa ser realizado . A análise dos resultados permite identificar uma tendência crescente do surgimento de cepas multirresistentes aos antimicrobianos comumente utilizados no tratamento da TB representando um grave problema de saúde pública.