Mimetismo visual entre termitófilos e hospedeiro: um caso imperfeito?

Abstract

O mimetismo é uma estratégia adaptativa, desenvolvida pelos organismos, que os possibilita se assemelharem a outros e obterem vantagens. Os besouros Corotoca spp fazem parte desse grupo de animais miméticos. Esses insetos conseguiram ultrapassar as barreiras defensivas dos ninhos dos cupins Constrictotermes cyphergaster, integrando-se às suas colônias sem serem percebidos como intrusos. Esses besouros simulam alguns comportamentos e a comunicação química de seus anfitriões, além de possuírem um perfil de hidrocarbonetos cuticulares bastante semelhante ao dos cupins. Essas características viabilizaram o seu modo de vida infiltrado. Entretanto, não se sabe se essas são as únicas táticas assumidas pelos besouros que garantem o seu estilo de vida. Nesse contexto, investigou-se a possível existência de outro tipo de mimetismo: o visual. Este perfil foi averiguado a partir da similaridade de coloração entre esses besouros e seus hospedeiros, analisando-se imagens da superfície dorsal dos insetos. Os dados foram obtidos através do software de processamento de imagens ImageJ. Os nossos resultados permitiram aceitar nossa hipótese. Admitimos haver uma certa similaridade visual entre os besouros e cupins em um contexto ecológico, quando há grande abundância de indivíduos, embora haja diferenças estatísticas significativas entre os grupos analisados. Desta forma, acreditamos que o cenário mais plausível para descrever essa relação é a mímica imperfeita, quando os organismos mímicos não convergem suas características fenotípicas com tanta precisão. Estados miméticos imperfeitos são frequentemente suficientes para defesa dos organismos. Logo, é possível que apenas a semelhança superficial desses besouros represente uma estratégia evolutiva estável que garantiu o sucesso desses invasores.