Raízes lácteas: Um olhar sobre a história da amamentação e aleitamento no Brasil.

Abstract

A amamentação se caracteriza por ser uma prática comum em toda História da humanidade, em todas as espécies de mamíferos, em especial, nos seres humanos. No entanto, em diferentes contextos históricos, ela não se resume ao ato de alimentar pois, está inserida em diversas culturas, representando seus valores. Da mesma forma, que as transformações sociais e econômicas de cada período, também contribuem para diminuição e/ou aumento da oferta do leite materno no mundo, sobretudo, no Brasil. Este artigo, tem como objetivo analisar as políticas públicas voltadas à prática da amamentação no Brasil assim como, a influência das propagandas presentes na mídia e como estas interferiram na alimentação infantil entre o final do século XX e início do século XXI, seja incentivando o aleitamento materno ou o uso de produtos substitutos do leite materno. A presente pesquisa contou com um suporte teórico voltado para história das mulheres e da amamentação a exemplo de autores (as), como: Mary Del Priori, através das suas obras - História das crianças no Brasil (1991) e História das mulheres no Brasil (1997), Elisabeth Badinter, Um amor conquistado: o mito do amor materno (1980), Adriana Tanuse Nogueira, Mamãe eu quero mamar: Breve História do aleitamento materno (2022) e João Aprígio Guerra, Amamentação: um híbrido natureza-cultura (1999), além de artigos e da legislação brasileira voltada para os direitos conquistados pelas mulheres em relação à amamentação. A alimentação infantil tem sido um tema tratado principalmente pelas áreas médicas da Pediatria, Nutrição e Saúde Pública. Porém, a proposta do presente trabalho é discutir com base em uma perspectiva histórica, visto a lacuna de pesquisas referentes a esta temática dentro da Historiografia. Nesse sentido, foi possível observar que grandes avanços foram obtidos nas décadas observadas, entretanto, há ainda um longo caminho a percorrer para que todas as mulheres, em especial as de áreas periféricas e trabalhadoras informais, possam amamentar seus filhos conforme garante a legislação brasileira.