A Invenção do nordeste na literatura em O santo e a porca, de Ariano Suassuna

Abstract

Este trabalho aborda a diversidade da literatura brasileira ao longo dos períodos históricos, com foco na literatura engajada regional do Nordeste que surgiu a partir da década de 1930, em conjunto com a revolução política vigente. Neste período, a representação de temas como a vida rural, o coronelismo, a religiosidade, a seca, a miséria e a ignorância marcaram a literatura assim chamada regionalista, onde a proposta seria a denúncia social da região considerada inferior às demais regiões do país. Apesar das novas perspectivas trazidas pelo movimento modernista, a região nordestina foi estereotipada como um lugar distante e culturalmente desvalorizado. O objetivo central desta pesquisa é averiguar a representação da regionalidade nordestina em O Santo e a Porca (1957), de Ariano Suassuna, com foco na valorização da cultura nordestina, ao investigar se a obra apresenta traços regionais e que desconstroem os estereótipos ligados à região. Para tanto, busca-se observar o desenvolvimento da identidade nordestina com base na essência do homem e na valorização da cultura local. Obtemos, também, como objetivos de pesquisa, a análise da literatura popular, a investigação da regionalidade na obra e a identificação de estereótipos nas personagens. Logo, buscamos valorizar a cultura nordestina e propor a ressignificação da região através da literatura. A partir da análise da obra relacionando-a ao Romance de 30, foi possível constatar a presença de traços regionais no cenário do enredo e na identidade das personagens e a fuga aos estereótipos que desvalorizam o homem sertanejo.