A vida do povo tupi do sítio Moconha, Serra Grande, Paraíba, analisada a partir de sua cerâmica e ossos humanos

Abstract

Por muito tempo as pesquisas historiográficas e arqueológicas estabeleceram classificações primárias a respeito da presença dos povos indígenas em território paraibano. Os tupi, de acordo com o mapa da Paraíba elaborado pelo etnólogo José Elias Borges e Raimundo Galvão (1964), no recorte a partir do século XVII, eram habitantes do litoral paraibano, considerando, por sua vez, que os povos Tarairiú estavam ao centro do estado e os Cariri estavam sentenciados ao antagonismo sertanejo. No entanto, não se pode estagnar esses povos levando em conta as inúmeras movimentações por questões de conflito e outras necessidades os povos pretéritos poderiam mudar seus locais de habitação deixando como prova registros materiais referentes a sua cultura, situação essa constatada por novas descobertas. O intuito geral da pesquisa é apresentar brevemente o sítio arqueológico Moconha, que se encontra no município de Serra Grande, Alto Sertão paraibano, em seguida trazer análises macroscópicas e microscópicas executadas através do incentivo do PIBIC/CNPq- UEPB (2021 -2023) e LABAP - UEPB, cujo material arqueológico e bioarqueológico do referido sítio, apresenta características que remetem de maneira preliminar à tradição ceramista e funerária tupi. A metodologia aplicada tem por base obras como a Cerâmica Guarani (1989), artigos e dissertações que tratam da arqueologia tupi. Nesse sentido, o objetivo principal da pesquisa é apresentar as diversas vasilhas, vasilhames, fragmentos e urnas funerárias, a partir da realização do trabalho de separação e higienização do material, descrevendo suas características de fabricação, queima, pasta, decoração pintada e plástica, a fim de estabelecer relações com outras cerâmicas do estado da Paraíba, Nordeste e outras regiões do Brasil comprovadamente tupi e que apresentam elementos parecidos para classificar o referido sítio enquanto tupi e demonstrar que a presença dessa etnia está muito além do litoral paraibano. A segunda parte da pesquisa tem por objeto de estudo uma das urnas funerárias repleta de material ósseo, cujo objetivo é separar, classificar a tipologia e identificar de maneira prévia a quantidade de indivíduos depositados e respectivos indícios de enfermidades e fraturas. Com o término das explanações será cabível compreender o valor e potencial para pesquisas históricas e arqueológicas que o sítio Moconha contém para assim mudar de forma prefacial o quadro historiográfico de distribuição dos povos pretéritos em território paraibano.